A exposição retrospetiva “Da Pedra: experiências técnico-poéticas de um escultor“, do artista Volker Schnüttgen, marca o arranque da curadoria artística da zet gallery para o ano de 2021. A exposição inaugurada, no dia 9 de janeiro de 2021, na Sala Comum da Reitoria da Universidade do Porto, é também uma homenagem ao artista alemão, a que se associam a zet gallery e o dstgroup, que celebra 60 anos de idade e 35 de carreira, a maioria dos quais passados em Portugal.
Com curadoria 360º de Helena Mendes Pereira e de Bárbara Forte, da zet gallery, a exposição apresenta também conteúdos retrospetivos onde se incluem um livro e um documentário sobre Volker. A exposição estará patente até 27 de fevereiro, podendo ser visitada de segunda a sexta, entre as 10h00 e as 12h30 e das 14h30 às 17h30, e aos sábados das 10h00 às 13h00.
Padrões, “Mo-nu-mentos”, Tropeços ou Habitat são as séries de trabalhos que estruturam a expografia que apresenta “uma inédita seleção de pequenas esculturas e projetos que refletem essa mesma presença da sua escultura no território comum da cidadania: o espaço público”, adianta Helena Mendes Pereira, diretora e curadora da galeria. Além de escultura, a exposição convida a visitar uma seleção de fotografias e desenhos que recuam aos primeiros anos de trabalho do artista e perseguem a continuidade do binómio experimentação-poesia.
“Da Pedra: experiências técnico-poéticas de um escultor” tem a pretensão de “dar ao autor lugar de destaque na contemporaneidade artística como exemplo de combinação das ferramentas tradicionais da escultura com o sentido da vanguarda e dos limites que a obra de arte ultrapassa 35 de carreira, dos quais 30 passados em Portugal”, sublinha a curadora, propondo “um olhar, no tempo e no espaço, sobre um artista dos nosso afetos, dos nossos dias.”
Volker Schnüttgen nasceu na Alemanha há 60 anos, mas por amor que trocou pátria mãe por Portugal há, precisamente, 30 anos. Terá sido por amor à pedra e pela perspetiva de uma espécie de renovação criativa que viu acontecer no encontro com as pedreiras, nomeadamente, as pedreiras de granito do Norte de Portugal. Através das pedreiras, o artista conheceu o país, começando nas pedreiras de Lioz, em Sintra, do mármore de Vila Viçosa e Estremoz, Viana do Alentejo e Trigaches (Beja), do granito de Monforte (Alto Alentejo) e durante quase 10 anos na pedreira do Sienito na serra de Monchique, onde trabalhou com muita regularidade. Seguiu-se a Beira Alta e finalmente o Minho.
Certo é que a pedra, recurso endógeno e simbolicamente embrionária de começos, acompanha 35 anos do percurso de Volker Schnüttgen, escultor nascido em Attendorn, na Alemanha e que, em 1982, iniciou os seus estudos de escultura e gravura na Universidade de Artes de Bremen. O Mestrado em Multimédia foi já concluído na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em 2008, instituição onde viria a ser docente durante largos anos.
É também por isso, que a Sala Comum da Reitoria da Universidade do Porto se apresenta como o espaço de celebração da obra de um artista que, num caminho que deambula entre a madeira, os metais e, sempre, a pedra, consegue manter vivo o princípio de exploração e de experimentação de diferentes materiais e tecnologias, nunca perdendo o espaço-tempo da poesia que confere aos objetos mágicos que brotam das suas mãos, resultados de uma nostalgia de pensamento que o leva a situar-se sempre na paisagem de neblina fria das suas origens.
A obra de Volker Schnüttgen marca a cena artística nacional e internacional, muito para lá da bilateralidade que estabelece entre Portugal e Alemanha. Espanha, Suécia, Holanda, Moçambique, EUA ou o Irão são mais alguns dos territórios onde inscreveu as suas narrativas, tanto em obras de arte em espaço público como em coleções particulares e institucionais.
José Teixeira, presidente do conselho de administração do dstgroup, é um dos seus colecionadores mais representativos e é por isso, com naturalidade que o grupo que também nasceu da “pedra” se associa a esta celebração artística em homenagem a Volker Schnüttgen.