Cães de rua encontram-se em todos os lugares, nas cidades e vilas de muitos países como acontece nas zonas urbanas do Nepal. Neste país nem as autoridades nem os moradores se preocupam com o abrigo, alimentação e saúde dos cães. Mas, neste caso não é só negligenciado o cuidado aos animais mas também é negligenciado o impacto que os cães têm na saúde pública.
Investigadores em ciências de saúde animal de Universidades Norte Americanas estudaram os problemas de saúde e doenças em cães de rua de Pokhara, a segunda maior cidade do Nepal, que se localiza a 200 quilómetros a oeste da capital Catmandu, e que é conhecida pela beleza natural e atrações turísticas.
Na investigação, com o título ‘Major Health Problems and Diseases of Street Dogs in Pokhara Valley, Nepal‘, e publicada na ‘International Journal of Applied Sciences and Biotechnology’ (IJASBT), os investigadores, Mohan Acharya e Santosh Dhakal, analisaram a prevalência dos problemas de saúde e doenças entre os cães de rua em Pokhara, e o impacto na saúde pública e na indústria do turismo.
Os investigadores verificaram que a infestação de sarna e feridas foram os dois problemas de saúde mais comuns nos cães de rua de Pokhara, e verificaram também que os riscos para a saúde pública e o impacto negativo no turismo são muito elevados.
De acordo com Mohan Acharya, “os cães de rua podem prejudicar o turismo em Pokhara, ladram para as pessoas, sofrem acidentes de trânsito, movimentam-se com feridas abertas, colocam fezes por toda a parte e até mordem pessoas nas ruas”.
“Os cães são reservatórios para mais de 60 doenças zoonóticas, incluindo a raiva. Uma doença perigosa que facilmente pode passar dos cães para os humanos, e que é 100% fatal. Casos de raiva foram já relatados, no passado, em redor de Pokhara”, refere o investigador.
Com quase 100 casos de raiva humana registados por ano, o Nepal apresenta, em comparação com outros países, uma das mais altas taxas de morte por raiva entre a população.
Os investigadores analisaram os problemas de saúde e doenças prevalentes em 171 cães de rua resgatados pela equipa de resgate de animais ‘Himalayan’, em 2011, e verificaram que infestação de mange (um tipo de doença de pele) em 40,35%, feridas em 18,12%, infeção do trato respiratório em 7,60%, problemas gastrointestinais ou diarreia em 5,26 %, parvovirose (gastroenterite vírica), cinomose (vírus da esgana canina), tumor venéreo transmissível canino, e vermes, entre outros, por ordem decrescente de prevalência.
O trabalho de investigação levado a cabo pelos investigadores foi justificado pela falta de conhecimento dos doadores e de outros intervenientes que dão apoio em cuidados animais, referiu Mohan Acharya, e acrescentou: “Os doadores internacionais doam medicamentos para caninos destinados a doenças renais, diabetes, artrites, cuidados dentários e obesidade”.
“Nenhum dos medicamentos doados servia para tratar as doenças mais comuns entre os cães de rua no Nepal, sendo apenas uteis menos de 10% dos medicamentos”, disse Mohan Acharya, e acrescentou que o estudo vai “superar este problema e informar os doadores sobre o tipo de medicamento necessário para o tratamento de cães de rua no Nepal.”
O estudo, também recomenda que as autoridades locais e as organizações, que trabalham neste sector, identifiquem formas económicas e saudáveis para diminuir populações de cães de rua nas principais cidades do Nepal.