Cerca de 25% da área terrestre afetada regularmente por fogos exibe duas épocas de Incêndio por ano devido ao impacto do Homem. A conclusão é de um estudo coordenado pelo Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia, agora publicado na revista científica “Global Ecology and Biogeography”
No estudo os investigadores tentaram compreender como é que o Homem altera os regimes do fogo, e identificaram as áreas no planeta que exibem, não apenas uma mas duas épocas de fogo distintas em cada ano, e estudaram quais os fatores por detrás das mesmas.
O padrão identificado ocorre mais no Hemisfério Norte, sobretudo nos EUA, Rússia e Índia, coincidindo com as principais áreas agrícolas do planeta. A região agrícola do sudoeste da Rússia e norte do Cazaquistão, onde o cultivo de cereais é dominante, destaca-se pela sua enorme extensão, onde o fogo é utilizado para queima de restolho e/ou preparação dos campos para o plantio de novas culturas.
O Noroeste da Península Ibérica também apresenta duas épocas de fogo, uma associada ao seu uso na pastorícia no início da primavera, e outra devido aos incêndios florestais que ocorrem no verão.
O estudo com o título “Bimodal fire regimes unveil a global-scale anthropogenic fingerprint” conclui que nas regiões identificadas, a densidade populacional e a fração de fogos que ocorrem em ecossistemas geridos pelo Homem (e.g. agricultura e pastagens) são significativamente maiores do que nas restantes, e que o clima contribui pouco para a ocorrência de duas épocas de fogo por ano. Estes factos constituem uma forte evidência do impacto humano nos regimes de fogo à escala global.