O défice cognitivo ligeiro carateriza-se por uma perda das capacidades cognitivas superior ao que é esperado para a idade da pessoa. É geralmente considerado uma fase transitória entre o processo normal da idade e a demência. Estudos recentes demonstram que a presença desta perturbação da função cognitiva pode ocorrer nas fases iniciais da doença de Alzheimer ou de outras demências.
Atualmente estão identificados dois tipos de défice cognitivo ligeiro: o amnésico, que se carateriza sobretudo por alterações ao nível da memória (por exemplo esquecer-se de conversas recentes ou compromissos que tipicamente se lembraria); e o não-amnésico, que compromete uma ou mais das restantes capacidades cognitivas que não a memória, nomeadamente a atenção, a linguagem, as funções executivas e o processamento de informação visual e espacial.
As causas para o défice cognitivo ligeiro ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, os fatores de risco são os mesmos que os da demência: idade, história familiar de demência, diabetes, tensão arterial alta, e colesterol elevado. A obesidade e o tabagismo também são fatores a ter em consideração.
O diagnóstico desta perturbação cognitiva deve ser feito através de uma avaliação neuropsicológica, visando a caraterização das condições cognitivas e comportamentais por recurso a um conjunto de testes e procedimentos estandardizados e empiricamente validados. O médico pode pedir também um exame de imagem ao cérebro e análises ao sangue para confirmar as suspeitas.
A deteção precoce do défice cognitivo ligeiro permite um acompanhamento mais próximo e regular para monitorizar a evolução deste declínio cognitivo, com o objetivo de desenvolver e implementar estratégias de reabilitação personalizadas que podem otimizar o funcionamento quotidiano e perlongar a independência e autonomia da pessoa.
Importa referir de que nem todos os casos défice cognitivo ligeiro evoluem para uma doença de Alzheimer ou outra demência. Além da estimulação cognitiva (exercitar a memória), a adoção de um estilo de vida saudável (alimentação equilibrada e prática de exercício físico) tem o potencial de atrasar ou prevenir o desenvolvimento desta perturbação.
Autor: Joaquim Cerejeira, psiquiatra e diretor clínico da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra.
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