Antes da reunião do Conselho Europeu de Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, e Vice-Presidente da Comissão Europeia, referiu que a reunião do Conselho irá debater a questão da Síria, indicando que a União Europeia (UE) não intervém militarmente na Síria mas apoia “todas as iniciativas que levam ou possam levar ao fim das hostilidades, a um cessar-fogo” e acrescentou que a UE “está empenhada na luta contra o Daesh” e por isso “o futuro político da Síria será útil também na luta contra a Daesh”.
Mas para Jean-Marc Ayrault, Ministro dos Negócios Estrangeiros de França,” o que está a acontecer em Aleppo é uma catástrofe humanitária e tudo deve ser feito para parar os bombardeamentos e levar ajuda humanitária à população”, e acrescenta que a paz está bloqueada.
Para o Ministro francês “a Rússia está envolvida numa lógica de destruição tomando o lado de al-Assad” e não podemos “fechar os olhos à situação”. O objetivo é continuar “a luta contra o terrorismo e o Daesh, mas também contra outros grupos como Al Qaeda e Al Nusra”.
Está em curso no Iraque a batalha para reconquistar Mossul ao Daesh, uma situação difícil liderada pelo exército iraquiano mas com apoio da coligação internacional que inclui a França.
Jean Asselborn, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, indica que é preciso agir, dado que a população de Aleppo está à espera de auxílio. Para Jean Asselborn “não seria proveitoso discutir novas sanções à Rússia”, pois “não iriam encontrar acordo e em segundo lugar este não é tempo para novas sanções, e até seriam mesmo contraproducentes”.
“A Rússia e a Turquia têm posições completamente diferentes sobre al-Assad, mas juntos são capazes de construir um gasoduto, apesar das suas diferenças”, por isso, referiu Jean Asselborn, “não vejo como não conseguem encontrar uma maneira de chegar a um cessar-fogo”, e acrescentou que os europeus “não têm nenhum botão mágico para por fim à guerra mas devemos usar todas as ferramentas políticas, dado que é insuportável que por causa de 700 soldados da Al Nusra, dezenas de milhares de pessoas estejam a arriscar as suas vidas em Aleppo”.
Didier Reynders, Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio Externo e dos Assuntos Europeus da Bélgica, referiu que se deve “sobretudo lutar contra a impunidade. As coisas em Aleppo degeneraram e por isso temos de lutar contra a impunidade, mas mantendo um diálogo aberto”, e acrescentou: “Desejo que a UE desempenhe um papel mais ativo, especialmente no diálogo com a Rússia. Precisamos de ser muito firmes mas ao mesmo tempo manter aberto o diálogo político”.
José Manuel García-Margallo y Marfil, Ministro das Relações Exteriores e Cooperação da Espanha refere que “apoia um rápido entendimento entre a Rússia, os EUA e as outras forças envolvidos no conflito, como a Turquia, Arábia Saudita e o Irão”. O Ministro espanhol indicou ainda que “a situação na Síria é absolutamente dramática e particularmente em Aleppo. É uma das situações mais dolorosas desde a II Guerra Mundial”.
Também Sebastian Kurz, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria, se referiu às sanções contra a Rússia, referindo que “a situação na Síria é horrível e os crimes de guerra que estão a acontecer têm de ser condenados”, mas a “prioridade é chegar a um cessar-fogo para que a ajuda humanitária seja capaz de ajudar a população e isso só pode acontecer através de negociações diplomáticas”.
Para o Ministro austríaco “a única maneira de melhorar a situação na Síria é levar a que os EUA e a Rússia se reúnam, portanto, a ideia de novas sanções contra a Rússia está errada”, e acrescentou ainda que “não precisamos de construir blocos mais fortes, precisamos ter negociações e diálogos para encontrar uma solução pacífica”.
Boris Johnson, secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, referiu que a situação em Aleppo envergonha a humanidade, dado “o bombardeamento de civis, e a matança indiscriminada de mulheres e crianças inocentes que está a ocorrer naquela cidade”.
Para Boris Johnson deve ser mantida a pressão sobre o regime de al-Assad e sobre o governo russo, mas também sobre o Irão, indicando que “a futura salvação de Aleppo, se encontra realmente com o regime de al-Assad, e acima de tudo com os russos”.