Estudo liderado pelo investigador Antonio Fernández Anta, do IMDEA Networks Institute determina a real incidência da pandemia de COVID-19 em onze países. O método utilizado pela equipa científica consiste em realizar pesquisas abertas e anónimas da população, promovidas por meio das redes sociais.
Para gerir adequadamente a pandemia de COVID-19, os governos e os cientistas que os aconselham precisam dos dados o mais realistas possíveis sobre a situação. Mas o problema é que esses dados não existem. Os únicos dados que possuem são os dos resultados dos testes em laboratório.
Os governos sabem quantas pessoas deram positivo em testes, quantas estão nos hospitais e quantas são atendidas por telefone. Mas agora a equipa de Antonio Fernández Anta, que também envolve os investigadores Carlos Baquero, da Universidade do Minho e INESC TEC, e Raquel Menezes, da Universidade do Minho, conseguiu concluir que esses não são os dados reais da pandemia.
Atualmente, cientistas de todo o mundo estão desenvolvendo fórmulas para estimar números mais próximos da realidade. A equipa da IMDEA Networks lançou o projeto @CoronaSurveys para “Medir o iceberg”. Esse objetivo é totalmente gráfico: há uma ponta do iceberg que pode ser vista e esse é o número de casos confirmados, mas abaixo dessa ponta, submersa nas águas, fica o resto do bloco de gelo, de dimensão incerta, e que pode destruir um navio que não sabe seu tamanho real. Para conseguir isso, os investigadores lançaram as primeiras pesquisas no Twitter há mais de duas semanas.
Atualmente a pesquisa é realizada diária, e é aberta à participação de qualquer pessoa. A pesquisa envolve apenas três perguntas: De que região pode fornecer dados (entendendo que a região pode ser um país ou uma área administrativa)? Quantas pessoas conhece nessa região? Quantas pessoas da região conhece que tenham sintomas de COVID-19 ou que possa estar associado a esses sintomas?
Inicialmente, a pesquisa foi lançada apenas na Espanha, mas nos dias seguintes foram adicionados mais países: Portugal, Argentina, Chile, Chipre, França, Alemanha, Grécia, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Além disso, foi ampliada a forma de divulgação das pesquisas, que, além de usar o Twitter, também o Facebook o LinkedIn.
Os resultados são recolhidos todos os dias. Dessa forma, o estudo não fornece apenas um número total diário estimado de infetados sintomáticos, mas também permite observar a evolução da doença. Os dados fornecidos pelas pesquisas que se referem à Espanha estimam que, na última segunda-feira, 30 de março, o número de pessoas com sintomas de COVID-19 em Espanha era 2.361.650, número muito superior ao oficial, que naquele dia era de 85.195. pacientes confirmados coma infeção.