Os três estudantes com as médias de acesso mais elevadas que ingressem, em primeira escolha, em setembro, no curso de Licenciatura em Ciências do Mar (LCM) da Universidade de Aveiro (UA), vão ter as propinas do 1º ano pagas por três empresas nacionais ligadas ao mar.
As empresas Porto de Aveiro, Alga+ e Hidromod reconhecem, com a atribuição da bolsa, “a importância e a necessidade de formação em Portugal de quadros superiores na área do Mar.” O pagamento integral das propinas aos três alunos “pretende igualmente ajudar o orçamento das famílias com filhos no Ensino Superior”, indica a UA em comunicado.
As bolsas a atribuir pelas empresas aos estudantes exigem que estes tenham uma média de entrada superior a 14 valores, não sendo acumuláveis com os outros prémios atribuídos pela UA, nomeadamente as Bolsas de Mérito Académico atribuídas a todos os estudantes que ingressem em qualquer curso com uma média de acesso igual ou superior a 17,5 valores e que escolham a UA como primeira opção no Concurso Geral de Acesso.
Para João Miguel Dias, professor e diretor do Departamento de Física, e responsável pelo curso, as bolsas de estudo têm como grande objetivo atrair “um maior número de estudantes de elevado potencial, contribuindo para suprir as necessidades regionais e nacionais de formação nesta área”.
O professor, citado em comunicado da UA, considera ainda que os prémios de mérito, agora atribuídos pelas empresas, vão também “minorar as dificuldades de financiamento da frequência do ensino superior, especialmente para as famílias com residência distante de Aveiro, numa fase em que apesar do país estar em recuperação financeira ainda se fazem sentir carências económicas significativas num elevado número de agregados familiares”.
Curso de Ciências do Mar e a cooperação com as empresas
A cooperação na formação entre as empresas e a UA é uma realidade permanente e no caso particular do curso de Ciências do Mar, João Miguel Dias lembra que “no 3º ano do curso, a realização de um projeto, que pode ser realizado em colaboração com o sector empresarial, estrategicamente enquadrado para a definição de diferentes perfis das empresas com atividades na área da economia do mar”.
O curso de Licenciatura em Ciências do Mar “promove nos três anos do seu plano de estudos uma formação de base sólida em oceanografia e sobre o funcionamento de ecossistemas marinhos entendidos numa vertente multidisciplinar, assente numa formação de base em física, matemática, química e informática”, explica o diretor do Departamento de Física.
A formação abrange ainda a criação de “competências nas áreas do direito e políticas do mar, ordenamento do litoral, e monitorização e análise de dados marinhos”. Mas os licenciados em Ciências do Mar pela UA possuem também “capacidades de análise, modelação e resolução de problemas tecnológicos complexos interdisciplinares, como consequência das competências teóricas e experimentais conferidas no domínio da oceanografia aplicada a diversas áreas da economia do mar.”
Um licenciado em Ciências do Mar está apto para o mercado de trabalho no domínio do mar. Um mercado que é cada vez mais abrangente e especializado, como seja: na análise de qualidade de água na vertente marinha, na gestão e ordenamento de zonas marinhas e costeiras, na consultadoria em zonas costeiras e marinhas, na oceanografia operacional e observacional, no controlo de poluição marinha ou reabilitação e na recuperação do meio costeiro e marinho.
Economia do mar uma estratégia nacional
Para o professor responsável pelo Departamento de Física da UA, “a área do mar é atualmente considerada de elevado interesse estratégico nacional”, o que no seu entender levou à “criação do Ministério do Mar por parte do atual Governo”. E citando a atual ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, o professor refere que “as intenções de investimento privado no setor do Mar ultrapassam os dois mil milhões de euros para os próximos anos”.
O Plano Estratégico para a Aquicultura Portuguesa 2014-2020 “conta com uma fração significativa do financiamento do Programa Operacional Mar 2020” e “o aumento crescente do movimento nos portos nacionais, que a Ministra do Mar espera que prossiga futuramente, antecipando valores da ordem dos 200 por cento na movimentação de cargas dos portos nacionais na próxima década, em linha com a subida de 180 por cento que se registou entre 2006 e 2016”, lembra ainda João Miguel Dias.