Estudantes de mestrado em Segurança Alimentar da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) definiram o objetivo de transformar subprodutos das indústrias de queijo e hortofrutícola em alimentos saudáveis e nutritivos.
Recorrendo a soro excedente do fabrico de queijo, que é um subproduto bastante poluente, e morangos que não têm calibre suficiente para venda ao consumidor final, a designada ‘fruta feia’, as estudantes criaram duas ecobebidas totalmente naturais, sem corantes nem conservantes.
As duas bebidas que as estudantes designam de gama ‘Toal’ são “parecidas com iogurtes líquidos e sumo de fruta, que apenas diferem no conteúdo: uma de caráter proteico e a outra de caráter energético.”
Daniela Costa e Rita Martins, as estudantes da Universidade de Coimbra (UC) que desenvolveram as bebidas, indicam que “as duas bebidas são ricas em antioxidantes e probióticos, que auxiliam na manutenção do sistema imunitário, e os seus açúcares essenciais, bem como os seus pequenos péptidos, ou seja, as pequenas proteínas de fácil absorção, exercem funções ao nível do sistema cardiovascular, nomeadamente no controlo da pressão arterial.”
“Na ‘Toal’ proteica, salienta-se um elevado valor nutritivo e atividade biológica, destacando-se a leucina, essencial no processo de crescimento muscular aliado à diminuição da acumulação de gordura corporal”, esclarecem as estudantes.
No desenvolvimento das ecobebidas, as estudantes foram orientadas por Fernando Ramos, docente e investigador da FFUC, e tiveram a colaboração de Vânia Gomes e Elsa Rosário, do mestrado da Escola Superior Agrária de Coimbra, acompanhadas pelo professor Carlos Dias Pereira, e ainda de Ana Martins Abrantes, aluna do Instituto Politécnico de Leiria – Polo das Caldas da Rainha.
Para Daniela Costa e Rita Martins as bebidas ‘Toal’ constituem “alternativas saudáveis para o consumidor” e têm a vantagem de não prejudicarem “o meio ambiente”.
Dados os ingredientes das bebidas as estudantes afirmam: “No caso do soro proveniente do fabrico do queijo, estamos a contribuir para mitigar um problema ambiental, evitando que este entre na rede de águas. Já no caso dos morangos, ao aproveitar esta fruta que não é vendida ao consumidor final, estamos a combater o desperdício alimentar”.
A UC indica em comunicado que todos os anos a indústria da produção de queijo gera grandes quantidades de soro e que dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2015 foram produzidos, em Portugal, 658 milhões de litros de soro de queijo de vaca.
As questões ambientais e económicas estiveram no objetivo do trabalho e por isso as alunas indicam que a grande inovação das ecobebidas assenta no facto de serem aproveitadas “todas as propriedades do soro: proteínas, água e açúcares” e de não exigir um processo de confeção complexo.
De acordo com as criadoras das ecobebidas ‘Toal’, estas já foram degustadas por consumidores e a recetividade “foi muito agradável”. No Ecotrophelia Portugal 2017, concurso promovido pela PortugalFoods e pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), o projeto conquistou o segundo lugar.
Daniela Costa e Rita Martins já contactaram alguns investidores interessados em financiar o projeto, e indicam: “o nosso objetivo é criar uma startup para comercializar o produto.”