Investigação do MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas estabeleceu a correlação entre tecido mamário denso de doentes com cancro da mama e doença na mama contralateral. A investigação conclui que o risco de cancro na outra mama duplica.
O estudo, já publicado na revista ‘Cancer’, é um dos primeiros a encontrar a associação entre a densidade mamária (BD) e o cancro de mama contralateral.
De acordo com a autora do estudo Isabelle Bedrosian, o MD Anderson Cancer Center tem um grande desafio na gestão da população de pacientes com cancro da mama, especialmente na tomada de decisões cirúrgicas, tentando aconselhar as mulheres adequadamente sobre o risco de desenvolver cancro de mama na outra mama.
Isabelle Bedrosian, explicou que “há uma série de influências bem estabelecidas para o desenvolvimento de cancros de mama primários e secundários, como mutações BRCA, história familiar e status do recetor de estrogénio do tumor”,
“Também sabemos que a densidade é um fator de risco para o desenvolvimento do cancro de mama primário, mas não se tinha examinado de perto como fator de risco para o desenvolvimento de doença contralateral”, referiu a investigadora.
“O risco estimado de 10 anos para as mulheres com cancro da mama desenvolverem um cancro na outra mama pode ser muito baixo de 2% e ir até a elevado se for 40%”, indicou Isabelle Bedrosian. Este intervalo “dramático é devido em grande parte à variabilidade dos fatores de risco em toda a população de doentes”.
No estudo os investigadores identificaram 680 doentes com cancro de mama nas fases I, II e III, todos tratados no MD Anderson entre 1997 e 2012, e excluíram do estudo os pacientes BRCA devido ao seu conhecido risco aumentado de desenvolverem cancro de mama na outra mama.
As mulheres com um diagnóstico adicional de cancro da mama contralateral metachronous, definido como cancro na mama oposta diagnosticado há mais de seis meses após o diagnóstico inicial, foram os ‘casos’, e os pacientes que não desenvolveram cancro de mama contralateral foram os ‘controles’.
‘Casos’ e ‘controles’ foram combinados numa proporção de 1 para 2 com base numa série de fatores, incluindo idade, ano de diagnóstico e status de recetor hormonal.
Carlos Barcenas, do Breast Medical Oncology, referiu que “com a investigação, pretendia-se avaliar a relação entre a densidade mamária mamográfica da doença original e o desenvolvimento de cancro de mama metachronous”.
Dos doentes selecionados, 229 foram ‘casos’ e 451 ‘controles’. Os investigadores do MD Anderson categorizaram a densidade mamária de cada paciente por meio da leitura de mamografia, avaliada no momento do primeiro diagnóstico, como “não densa” ou “densa”, usando as categorizações do American College of Radiology.
De entre os ‘casos’, 39,3% foram classificados como tendo tecido mamário não denso e 60,7% como tendo tecido mamário denso, em comparação com 48,3 por cento e 51,7 por cento, respetivamente, nos ‘controlos’.
Depois de introduzirem as correções para os fatores de risco conhecidos do cancro da mama, os investigadores descobriram que existe quase duas vezes maior risco de desenvolver cancro na outra mama os sobreviventes de cancro da mama com seios densos.
“As descobertas do estudo têm grande importância tanto para pacientes recém-diagnosticados com cancro e com seios densos e como para os sobreviventes de cancro de mama para gerirem o risco a longo prazo de um diagnóstico secundário”, referiu Carlos Barcenas.
O investigador indica que o objetivo no futuro “é desenvolver um modelo de risco que incorpore a densidade da mama para melhor avaliar o risco de um sobrevivente de cancro de mama desenvolver um cancro de mama na outra mama”.
No futuro os investigadores esperam usar a ferramenta para aconselhar os pacientes sobre seus riscos pessoais e suas opções de tratamento e vigilância, e se seu risco é suficientemente elevado.