Assinala-se, no dia 20 de novembro, o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). Uma doença que afeta cerca de 800 mil portugueses e que se estima que será a terceira causa de morte no mundo em 2020.
João Munhá e Catarina Pissara, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), referiram: “Os dados de que dispomos apontam para uma prevalência de DPOC nos indivíduos com idade superior a 40 anos, em Portugal, de cerca de 14%, sendo que, para a DPOC moderada, grave e muito grave a prevalência é de aproximadamente 7%. Isto quer dizer que um em cada sete portugueses com mais de 40 anos sofre de DPOC e que um em cada 14 portugueses tem uma DPOC que, no mínimo, é moderada, podendo ser grave ou muito grave”.
Portugueses desconhecem a DPOC
A SPP indicou que apesar da doença ser uma das principais causas de morte em Portugal, como indicam dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, a DPOC foi responsável, em 2016, por 2.791 óbitos, correspondendo a 20,7% das mortes registadas por doença respiratória. Os portugueses parecem desconhecer o que é esta doença, os sintomas e as principais causas.
“A DPOC é ainda uma doença pouco conhecida porque os sintomas que a caracterizam, como a tosse e a expetoração são, muitas vezes, atribuídas ao ato de fumar, sendo vistos como normais. O cansaço para esforços e a dificuldade respiratória, outros sintomas frequentes desta doença, são relacionados, pelos doentes, com a idade, peso excessivo ou patologia cardíaca, atrasando o diagnóstico”, explicaram os médicos pneumologistas.
João Munhá e Catarina Pissara esclareceram que “DPOC é um termo utilizado para designar uma condição crónica que engloba doença dos brônquios e do tecido pulmonar, caracterizada por dificuldade respiratória e cansaço de agravamento progressivo ao longo de anos, acompanhados de tosse e expetoração frequentes”.
Os médicos acrescentaram que “estas queixas podem ter episódios de agudização, designados como exacerbações, durante os quais há um agravamento anormal das queixas habituais, os quais podem ser desencadeados por infeções respiratórias ou outros fatores tais como fumos, poeiras e poluição. Estas exacerbações podem acarretar um risco de vida semelhante ao do enfarte do miocárdio, pelo que o seu reconhecimento é fundamental. Têm um impacto negativo na doença, não só pelo risco associado ao episódio, mas também por que a recuperação muitas vezes não é total e após cada episódio a condição crónica vai ficando pior”.
O tabaco causa a DPOC
O fumo de tabaco é a principal causa de DPOC, sendo a cessação tabágica a medida mais eficaz para evitar o aparecimento desta doença. “Os fumadores inalam mais de 4000 compostos, muitos deles cancerígenos, que ao entrar em contacto com os pulmões desencadeiam uma inflamação que está na base do desenvolvimento da doença”, afirmaram os médicos. No entanto, a inalação de fumos e partículas também é um importante fator de risco para o aparecimento da doença. O diagnóstico é feito através de um exame – espirometria – que avalia a função respiratória, medindo a quantidade e fluxo de ar que entra e sai dos pulmões.
Em face da falta de conhecimento da população em geral sobre a DPOC, os seus fatores risco e principais sintomas, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, lançou a campanha “DPO… quê?”.