A Sociedade Americana de Radiação Oncológica (ASTRO, sigla em inglês) publicou, na revista clinica Practical Radiation Oncology, uma diretriz clínica atualizada que detalha as melhores práticas para o tratamento de pacientes com metástases ósseas sintomáticas e formas de lhes melhorar a qualidade de vida.
Muitos tipos de cancro podem espalhar-se para o sistema esquelético de um paciente e desencadear novas lesões conhecidas como metástases ósseas. Esses tumores costumam causar complicações como dor, fraturas dos ossos e compressão da medula espinhal. Os tratamentos existentes proporcionam alívio dos sintomas, previnem fraturas e controlam o crescimento da doença óssea metastática. Décadas de investigação mostram que a radioterapia por feixe externo é um tratamento particularmente eficaz no tratamento de metástases ósseas sintomáticas.
“A radioterapia é a base do tratamento para pacientes com metástases ósseas sintomáticas, oferecendo uma opção não cirúrgica para alívio rápido da dor e melhoria da qualidade de vida com efeitos colaterais mínimos”, disse Tracy Balboni, da Harvard Medical School e do Dana-Farber/Brigham and Women’s Cancer Center em Boston. “Nossa diretriz delineia várias abordagens baseadas em evidências para fornecer esta terapia testada e comprovada, incluindo melhorias significativas em uma única sessão de tratamento”, acrescentou o investigador.
Desde que a ASTRO atualizou as diretrizes pela última vez em 2017, vários grandes ensaios demonstraram os benefícios de técnicas avançadas de radiação – radioterapia de intensidade modulada e radioterapia corporal estereotáxica – para administrar uma dose de radiação escalonada e altamente direcionada para certos pacientes com lesões ósseas ou espinhais. As evidências destes ensaios clínicos foram incluídas numa revisão sistemática conduzida pela Agency for Healthcare Research and Quality para informar a atualização das diretrizes.
“O uso de radiação conformada e aumento de dose para metástases ósseas sintomáticas passou do domínio experimental para o atendimento clínico de rotina para muitos pacientes”, disse Sara Alcorn, da Universidade de Minnesota, em Minneapolis. “À medida que as tecnologias avançadas de radiação se tornam mais amplamente aceitas, podemos ajudar cada vez mais pacientes em menos sessões de tratamento e tratar novamente mais pacientes cujas metástases ósseas regressam.”
A diretriz fornece evidências atualizadas sobre as melhores práticas para aplicação de radioterapia em tumores não irradiados e no ambiente de reirradiação. Recomendações completas e evidências de apoio são fornecidas na diretriz; as principais recomendações são as seguintes:
■Alívio dos sintomas: Com base em evidências de alta qualidade, a radioterapia (RT) é fortemente recomendada para controlar a dor e outros sintomas de metástases ósseas ou espinhais, incluindo aquelas que causam compressão da medula espinhal ou da cauda eqüina (as raízes nervosas na base do coluna).
■Tratamento multimodal: Para pacientes com metástases na coluna vertebral que causam compressão da medula espinhal ou da cauda equina, recomenda-se cirurgia e dexametasona combinada com RT em vez de radiação isolada. Para pacientes com metástases ósseas não espinhais que necessitam de cirurgia, recomenda-se RT pós-operatória.
■Esquemas de dosagem: A diretriz mantém os quatro esquemas de dosagem recomendados anteriormente para RT convencional para tratar pacientes com metástases ósseas não espinhais previamente não irradiadas: uma única fração de 800 centiGray (cGy); 2.000 cGy em cinco frações; 2.400 cGy em seis frações; ou 3.000 cGy em 10 frações. A pesquisa indica que os pacientes experimentam alívio semelhante da dor e efeitos colaterais mínimos com cada uma dessas abordagens e, embora o retratamento seja mais comum após RT de fração única, a conveniência desta opção pode torná-la a escolha ideal para muitos pacientes, como aqueles com limitação na expectativa de vida. A diretriz também descreve esquemas de dosagem recomendados para pacientes com compressão da medula espinhal ou da cauda eqüina que não são elegíveis para cirurgia, bem como para reirradiação de metástases ósseas e espinhais.
■Técnicas avançadas: Refletindo dados recentes de vários ensaios clínicos, a radioterapia corporal estereotáxica é condicionalmente recomendada em vez da RT paliativa convencional para pacientes com bom estado de desempenho que não necessitam de cirurgia ou apresentam sintomas neurológicos. As restrições de dose recomendadas e os regimes de fracionamento para radioterapia corporal estereotáxica estão detalhados na diretriz.