Uma equipa de investigadores da Escola de Saúde Pública Bloomberg Johns Hopkins descobriu que o declínio natural da função pulmonar ao longo de um período de 10 anos, foi mais lento entre os ex-fumadores, com uma dieta rica em tomate e fruta, especialmente maçã. Os investigadores concluíram que certos componentes do tomate e da fruta podem ajudar a restaurar os danos pulmonares causados pelo tabaco.
Os investigadores descobriram que os adultos que, em média, comiam mais de dois tomates ou mais de três porções de frutas frescas por dia, tiveram um declínio mais lento na função pulmonar, em comparação com adultos que comiam menos de um tomate ou menos de uma porção de fruta por dia.
Os investigadores estudaram outras fontes dietéticas, nomeadamente alimentos processados contendo frutas e vegetais, incluindo molho de tomate, mas o efeito protetor só foi observado quando o consumo foi de frutas e vegetais frescos.
A investigação faz parte do estudo ‘Aging Lungs in Coorts European’ (ALEC), financiado pela Comissão Europeia, e liderado pelo Imperial College London, que também encontrou um declínio mais lento na função pulmonar entre todos os adultos, incluindo aqueles que nunca tinham parado ou tinham parado de fumar, entre as pessoas com maior consumo de tomate.
Dieta rica em tomate e maça melhora pulmões de ex-fumadores e baixa taxa de declínio da função pulmonar em adultos.
A má função pulmonar tem sido associada a maiores riscos de mortalidade de todas as doenças, incluindo a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), doença cardíaca e cancro de pulmão.
O estudo publicado na edição de dezembro do European Respiratory Journal, “mostra que a dieta pode ajudar a reparar os danos pulmonares em pessoas que pararam de fumar”, e “também sugere que uma dieta rica em frutas pode retardar o processo de envelhecimento natural do pulmão mesmo em pessoas que nunca fumaram”, referiu Vanessa Garcia-Larsen, autora principal do estudo.
Para a investigadora “as descobertas sustentam a necessidade de recomendações dietéticas, especialmente para pessoas com risco de desenvolver doenças respiratórias como a DPOC”.
A equipa de investigadores avaliou a dieta e a função pulmonar de mais de 650 adultos em 2002 e, em seguida, repetiu os testes de função pulmonar no mesmo grupo de participantes 10 anos depois. No estudo estiveram envolvidos participantes de três países europeus: Alemanha, Noruega e Reino Unido. Com recurso a questionários completos foram avaliadas as dietas e ingestão nutricional geral dos participantes, que foram também submetidos a espirometria, um procedimento que mede a capacidade dos pulmões para absorver oxigénio.
O exame dos pulmões permitiu recolher duas medidas da função pulmonar: Volume Expiratório Forçado em 1 segundo, que mede a quantidade de ar que uma pessoa pode expulsar dos pulmões num segundo; e Capacidade Vital Forçada, que é a quantidade total de ar que uma pessoa pode exalar em 6 segundos.
O estudo controlou ainda fatores como idade, altura, sexo, índice de massa corporal (um indicador de obesidade), nível socioeconómico, atividade física e consumo total de energia.
Entre os ex-fumadores, a conexão dieta-pulmão-função foi ainda mais marcante. Os ex-fumadores que consumiam uma dieta rica em tomate e frutas apresentaram cerca de 80 ml de declínio mais lento ao longo do período de dez anos, o que sugere que os nutrientes do tomate e de frutas, nas dietas, ajudaram a reparar os danos causados pelo tabagismo.
Vanessa Garcia-Larsen explicou que “a função pulmonar começa a diminuir, por volta dos 30 anos de idade, a uma velocidade variável, dependendo da saúde geral e específica dos indivíduos”. A investigadora acrescentou que o estudo “sugere, que comer mais frutas regularmente pode ajudar, a atenuar o declínio da função pulmonar, à medida que as pessoas envelhecem e pode até ajudar a reparar os danos causados pelo tabagismo. A dieta pode tornar-se numa arma de combate ao aumento de DPOC, que se diagnostica em todo o mundo”.