Dietas com muito pouco carboidrato podem melhorar o controlo do açúcar no sangue nos pacientes de diabetes tipo 1, com baixas taxas de hipoglicemia e outras complicações. Os resultados do estudo liderados pelos investigadores Belinda Lennerz e David Ludwig do Hospital Infantil de Boston encontram-se já publicados na revista ‘Pediatrics’.
Os investigadores, para a elaboração do estudo, recorreram à comunidade TypeOneGrit, uma comunidade de pessoas com diabetes tipo 1 e que usa uma dieta muito baixa em carboidratos, como a recomendada por Richard Bernstein, no livro ‘Bernstein Diabetes Solution’. Richard Bernstein também participou na investigação.
Das 493 pessoas que participaram da investigação, 316 forneceram, via online, informações suficientes para serem incluídas na análise. Para 138 dos participantes, os investigadores foram capazes de confirmar o diagnóstico de diabetes, medidas de controlo de açúcar no sangue, medidas de saúde metabólica e outros resultados com os prestadores de cuidados de saúde ou através da revisão de registos médicos. 42% dos participantes eram crianças.
Os participantes indicaram que ingeriam por dia, em média, 36 gramas de carboidratos, ou cerca de 5% do total de calorias, sendo que a American Diabetes Association recomenda que cerca de 45% das calorias sejam provenientes de carboidratos. Os valores de hemoglobina A1c que indicaram – a medida primária do controlo de açúcar no sangue – alcançaram em média 5,67%, – a meta é abaixo de 7% e os níveis predominantes são em média 8,2%.
Os participantes necessitaram de doses abaixo da média de insulina, uma média de 0,40 U / kg por dia, e aqueles para os quais havia dados disponíveis tinham medidas favoráveis de sensibilidade à insulina e saúde cardiometabólica, como baixos níveis de triglicerídeos e altos níveis de colesterol HDL.
A controvérsia sobre baixo baixo carboidrato (low-carb)
Tem sido levantadas preocupações de segurança na saúde sobre dietas com muito pouco carboidrato na diabetes tipo 1, principalmente porque aumentam o risco de hipoglicemia ou queda perigosa no nível de açúcar no sangue. No entanto, no estudo, as taxas de hospitalização por hipoglicemia, ou seja foi de 1%, cetoacidose diabética, 2% e outras complicações do diabetes, foram menores do que as geralmente relatadas para as populações de diabetes tipo 1.
Mais de 80% dos participantes indicaram que estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o controlo dos diabetes. No entanto, cerca de um quarto disse que não discutiram a dieta com seus médicos ou técnicos de saúde que os acompanham no controlo da doença.
Os autores do estudo observam que a restrição severa de carboidratos é, na verdade, uma abordagem muito antiga no diabetes tipo 1. Antes da descoberta da insulina, ela prolongava a vida das crianças, às vezes por anos. Depois da insulina ter sido introduzida, a restrição de carboidratos deixou de ser praticada.
Os investigadores acreditam que as dietas com muito pouco carboidrato merecem mais estudos sobre diabetes tipo 1. Uma vez que este estudo foi de natureza observacional e não controlada, pelo que devem ser feitos ensaios clínicos randomizados para testar rigorosamente a segurança e a eficácia da dieta.
Para os investigadores os resultados do estudo, por si só, não justificam uma mudança no controle do diabetes. Eles sugerem fortemente que qualquer pessoa com diabetes faça mudanças na dieta apenas com a supervisão de um profissional de saúde.