É conhecido o impacto do diagnóstico precoce em qualquer doença e para o caso do cancro do pulmão, Gabriela Fernandes e Margarida Dias, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, referem que o rastreio desta doença “é recomendável a indivíduos entre os 50 e os 75 anos com um consumo de tabaco superior a 20 unidades/maço-ano e antigos fumadores há menos de 10 anos”.
Apesar de o consumo de tabaco ser a principal causa associada a esta doença, há uma percentagem de cerca de 15% dos doentes que são não fumadores. Nestes casos, pode verificar-se um atraso no diagnóstico uma vez que, como explicam as médicas pneumologistas, “de um modo geral, os programas de rastreio não incluem esses fatores e, além disso, a população não está tão alerta para a possibilidade dessa ocorrência”.
As pneumologistas indicam que “a suspeita se baseia sempre na presença de fatores de risco. Além do consumo do tabaco, devem ser valorizados outros fatores, tais como a exposição passiva ao tabaco, exposição a rádon (em algumas zonas geográficas e profissões), exposições ocupacionais e historial familiar”.
Gabriela Fernandes e Margarida Dias relembram que “sintomas respiratórios prolongados – como tosse, expetoração e sangue na expetoração -, sintomas constitucionais para os doentes com doenças respiratórias prévias e modificação dos sintomas preexistentes” são alguns dos sinais aos quais também os profissionais de saúde, nomeadamente dos Cuidados de Saúde Primários, devem estar atentos para a suspeita de um caso de cancro do pulmão. Salientam ainda que é importante que a abordagem “seja sempre multidisciplinar, atendendo à complexidade crescente que a doença exige. Pneumologia, Oncologia, Radiologia, Cirurgia Torácica, Anatomia Patológica, Cuidados Paliativos são as nucleares”.