Dados do Observatório da Diabetes, referentes a 2015, indicam que a diabetes tem um enorme impacto entre os mais idosos. Mais de um quarto das pessoas entre os 60 e 79 anos sofre da patologia. Um cenário já demasiado grave, e que tem tendência a agravar-se ainda mais.
A ‘tempestade’ da diabetes do tipo 2 nos idosos é um dos temas que o Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna vai debater na sua 12ª Reunião Nacional, que decorre nos dias 20 e 21, nas Caldas da Rainha. Os especialistas alertam para o crescimento da doença junto da população idosa, uma população que vai continuar a aumentar.
Álvaro Coelho, presidente do NEDM, referiu: “A esperança de vida é cada vez maior, vivemos até mais tarde e este aumento da expectativa de vida induz novas doenças. Basta apenas pensar que um coração que bata 30 anos é diferente de um que bata 100.”
O especialista referiu ainda que uma vez que são várias as patologias, entre as quais se encontra a diabetes, que “têm relação com a idade. E o seu surgimento, o seu aumento e a sua prevenção requerem outro tipo de atitudes. Estamos a falar de uma situação preocupante e que custa caro aos serviços de saúde e aos doentes.”
De uma forma geral a diabetes tem vindo a crescer na população nacional, e dados de 2015 indicam que entre 7,7 milhões de pessoas dos 20 e aos 79 anos, 13,3% sofria da diabetes, o que significa que mais do que um milhão de portugueses, nesta faixa etária, sofria da doença.
A dimensão dos atingidos com a diabetes tem levado a inovações em várias áreas, desde as ligadas à melhoria da informação até aos cuidados dos doentes. A inovação é também um tema que os especialistas debatem no encontro do NEDM.
Dos sensores, aos smartphones, passando pelas aplicações, a inovação está cada vez mais ao serviço dos doentes com diabetes, mudando a vida, para melhor, a quem sofre com esta patologia. Álvaro Coelho referiu que “há imensa inovação e muita expectativa à sua volta. É, sem dúvida, uma mais-valia extraordinária e melhora a qualidade de vida destes doentes”, e acrescentou: “Acredito que ainda estamos apenas numa fase transitória e que muitas novidades estão para vir.”
O especialista esclareceu: “A diabetes é uma patologia que, sendo conhecida há mais de três mil anos, continua a surpreender com conceitos, descobertas e inovação”, contributos que vêm de diferentes áreas, como a engenharia ou a biologia. “Nos últimos anos o conhecimento científico tem evoluído muito, assim como as tecnologias e têm-se conseguido retirar dividendos desta evolução, com o aumento dos recursos ao nosso dispor, para esta e para outras patologias.”
A diabetes é uma doença sistémica, que abrange mais diversos órgãos, pelo que a abordagem à diabetes deve ser multidisciplinar, e por isso, é “uma doença que quase se confunde com o conceito de Medicina Interna”, o que leva Álvaro Coelho, a considera que, “tendo em conta que mais de 50% da população que é vista pelos internistas tem diabetes, cada um destes médicos “tem também que ser um diabetologista”.