A tiroide regula o humor, o peso e a memória, mas se a tiroide produzir hormonas em excesso ou por defeito, estamos em presença de hipertiroidismo ou hipotiroidismo, e desregula o metabolismo.
Alguns dos sintomas relacionados com baixos níveis de hormonas tiroideias, o hipotiroidismo, são a obstipação, falta de motivação, falta de concentração, depressão ou aumento de peso, e os sintomas relacionados com níveis aumentados de hormonas tiroideias, o hipertiroidismo, incluem perda de peso e irritabilidade.
O hipotiroidismo e o hipertiroidismo podem causar ansiedade, irregularidades menstruais e alterações do sono, e de acordo com os resultados de um estudo internacional a maioria das mulheres que participaram na sondagem referiu desconhecer que sintomas podem estar relacionados com um problema da tiroide.
A Semana Internacional da Tiroide, que inclui o Dia Mundial da Tiroide, dia 25 de maio, assinala-se todos os anos, e “tem como objetivo destacar algumas das características menos conhecidas das doenças tiroideias e disponibilizar informação para identificar possíveis sintomas de uma doença que em Portugal afeta cerca de um milhão de portugueses, cerca de 10% da população, estando grande parte ainda por diagnosticar.”
‘Não é você: é a sua tiroide’ é o” tema central da campanha global de sensibilização da 9ª edição da Semana Internacional da Tiroide, que este ano decorre de 22 a 28 de maio”. A campanha vai destacar “as semelhanças que existem entre os sintomas dos distúrbios da tiroide e os efeitos do estilo de vida acelerado dos nossos dias”.
O tema da campanha foi escolhido na sequência dos resultados de um estudo internacional, apoiado pela Merck, em colaboração com a Federação Internacional da Tiroide. Os resultados do estudo revelaram que “muitas mulheres culpam-se pelas escolhas que fizeram relativas ao seu estilo de vida, em relação a alterações de peso, irritabilidade, ansiedade, insónias e fadiga, não compreendendo que uma doença da tiroide pode ser a causa subjacente.”
De acordo com a Thyroid Foundation do Canada, os distúrbios da tiroide afetam cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, e em alguns países quase 50% das pessoas não foram ainda diagnosticadas.
Os distúrbios da tiroide são 10 vezes mais comuns nas mulheres, de acordo com a NHS Choices, e “estima-se que aos 60 anos cerca de 17% das mulheres apresentem hipotiroidismo, o tipo mais comum da doença da tiroide. Se os desequilíbrios hormonais da tiroide não são diagnosticados e tratados, podem provocar efeitos prejudiciais na saúde e no bem-estar da pessoa. Por conseguinte, é fundamental que as pessoas estejam cientes dos sintomas e que, caso estes ocorram, não sejam ignorados.”
O estudo, indicado no comunicado das entidades envolvidas em Portugal na Semana Internacional da Tiroide, “envolveu mulheres de sete países”, tendo mostrado que as mulheres culpam-se das suas escolhas relativamente ao seu estilo de vida, pela presença de sintomas que podem ser provocados por um distúrbio da tiroide.”
Os resultados do estudo indicam que 49% das mulheres participantes afirmou que culpam as escolhas do seu estilo de vida por se sentirem inquietas ou terem dificuldade em dormir, enquanto 40% culpam as escolhas do seu estilo de vida por se sentirem deprimidas, ansiosas e cansadas. Mas na realidade, “estes são também sintomas de uma doença tiroideia.”
O estudo patrocinado pela farmacêutica Merck, indica que “a tendência para responsabilizar o estilo de vida pelos sintomas apresentados pode ser ainda exacerbada pelo facto de que quase um quarto, ou seja, 23% das participantes, se lembrar de contar a um amigo ou familiar, que se sentia deprimida, ansiosa ou frequentemente irritada, enquanto 19% admitiu sentir-se cansada ou com falta de energia todos os dias”,
Maria João Oliveira, médica endocrinologista e membro do Grupo de Estudo da Tiroide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, citada em comunicado, refere que o “estudo revela que a doença tiroideia pode, secretamente, ser a responsável por detrás dos sintomas que muitos de nós atribuímos ao estilo de vida sobrecarregado da atualidade e com cada
vez menos tempo para descansar a motivos como o cansaço excessivo, a má concentração, a falta de motivação, a depressão, a perturbações do sono ou até mesmo à dificuldade em conseguir engravidar, não percebendo que um distúrbio da tiroide pode ser a causa subjacente.”
Para a especialista “promover o conhecimento sobre a doença é fundamental para que os sintomas não sejam negligenciados e haja uma diminuição de casos por diagnosticar”.
O estudo “evidenciou porque é que é tão difícil a deteção da doença tiroideia”. Tendo-se verificado que 29,6% as participantes não associaram à doença da tiroide, sintomas como dificuldade de concentração, 30% com a dificuldade em engravidar, e 29% com a redução de movimentos peristálticos (intestino lento) e obstipação.
De acordo com um estudo publicado pela American Thyroid Association, “uma característica da doença tiroideia, que dificulta a sua deteção, é que as hormonas produzidas pela tiroide ajudam a regular múltiplas funções no organismo. Assim sendo, os sintomas podem ser diversos e não específicos ou exclusivos da doença.”
Celeste Campinho, Presidente da Associação das Doenças da Tiroide indica que “apesar das doenças da tiroide serem muito frequentes, são ainda pouco conhecidas e valorizadas. Além disso, muitas pessoas não sabem o que é a tiroide nem reconhecem a sua função no organismo.”
Dada a situação de desconhecimento existente sobre a Tiroide o objetivo da campanha ‘Não é você: é a sua tiroide’ “é encorajar as pessoas a reconhecer os sintomas e a consultar o seu médico, em vez de se culparem e os atribuírem à sua vida quotidiana”. Celeste Campinho esclareceu que “um diagnóstico adequado através de um simples exame de sangue ajuda a verificar se a glândula tiroideia está a funcionar normalmente e pode fazer toda a diferença para uma maior qualidade de vida.”
Maria João Oliveira alerta que as doenças da tiroide, nomeadamente o hipotiroidismo, têm um grande impacto na qualidade de vida dos doentes mas, ao mesmo tempo, têm um fácil tratamento”, daí a importância de “um rápido diagnóstico para um tratamento adequado”.