Estão em curso trabalhos arqueológicos no Castelo de Outeiro, no concelho de Bragança, no âmbito da Operação Castelos a Norte, promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e cofinanciada pelo Programa Norte 2020, através do FEDER.
As primeiras sondagens já detetaram algumas estruturas, ou seja, paredes de compartimentos na zona da torre, e pavimentos que organizavam o antigo castelo medieval.
A DRCN indicou que, neste momento, as sondagens arqueológicas estão a decorrer em áreas de cotas mais baixas, numa plataforma semicircular que é circundada por um troço da muralha em alvenaria de xisto.
Os trabalhos arqueológicos, que estão a ser realizados por uma equipa técnica da empresa Arqueologia & Património, têm como objetivo identificar, registar, estudar, valorizar e salvaguardar os vestígios arqueológicos que se encontrem preservados na área intramuros do monumento, que está classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP).
Atualmente estão a ser realizadas sondagens arqueológicas prévias de avaliação e diagnóstico e, em função dos resultados dos resultados das sondagens, são estabelecidas áreas de intervenção mais alargadas. As sondagens prévias, num total de 60 metros quadrados, estão distribuídas de forma homogénea por toda a área do monumento. A escavação a definir a partir dos resultados poder vir a ser alargada em mais 200 metros quadrados.
O trabalho em curso, com um investimento global de cerca de 107 mil euros, insere-se num “projeto de revitalização que incide em ações de estudo, recuperação, divulgação e promoção turístico-cultural” e com isso “potenciar o usufruto do monumento pela população local e pelos turistas que acorrem à região”.
Esta intervenção arqueológica tem um prazo de execução de dois meses, e constitui a ação base da operação que está a ser executada no monumento. O trabalho vai permitir o estudo e exumação de trechos da estrutura defensiva, assim como de estruturas habitacionais”. As estruturas vão ser objeto de empreitada de conservação e restauro.
A DRCN lembrou que a Operação Castelos a Norte intervém nos castelos raianos da Região Norte: Castelo de Montalegre, Castelo de Monforte de Rio Livre, Chaves, Castelo de Outeiro, Bragança, Castelo de Mogadouro e Castelo de Miranda do Douro.
O conjunto dos cinco castelos abrangidos pela Operação constituem um relevante valor histórico e patrimonial, não só do ponto de vista da arquitetura militar, mas também da sua própria história, que se confunde com a história de Portugal. Fundados na Idade Média, alguns no início da nacionalidade, tiveram um papel importante na progressiva organização territorial e na proteção da fronteira nacional nesta zona de Trás-os-Montes.
Estas fortificações com origem medieval foram objeto, ao longo dos séculos, de obras de manutenção e adaptação, nomeadamente à utilização de armas de fogo a partir do século XVI com a construção de estruturas defensivas abaluartadas.
Fortaleza de Outeiro – Enquadramento Histórico
A Fortaleza de Outeiro desempenhou um importante papel na definição e manutenção da fronteira portuguesa na região do Nordeste Transmontano, constituindo, ao longo da Idade Média e Idade Moderna, um ponto estratégico de inegável importância regional. Atualmente todos os vestígios estruturais da antiga fortaleza encontram-se em mau estado de conservação, revelando uma pálida imagem da importância histórica do local.
As muralhas e restantes vestígios ainda visíveis remontam à Baixa Idade Média, muito provavelmente ao reinado de D. Dinis. Organizada a partir de uma planta subcircular, cujas características gerais poderão ser genericamente aferidas a partir do registo feito por Duarte d’Armas, a antiga fortaleza era constituída por uma torre de menagem retangular, aparentemente adossada a uma das portas, uma extensa barbacã em forma de “D”, e “diversos elementos defensivos, como os hurdícios, ou balcões com matacães e as troneiras, que protegiam as portas, inscritas nas próprias torres”.