O medicamento acetato de abiraterona, comercializado com a designação Zytiga, é usado atualmente no tratamento do cancro da próstata. Uma nova formulação do medicamento, agora desenvolvida, permite melhorar drasticamente a qualidade de vida das pessoas que sofrem de cancro da próstata.
Os ensaios pré-clínicos da Universidade do Sul da Austrália (UniSA) mostram que a nova formulação melhora a eficácia do medicamento em 40%. No estudo esteve envolvido o grupo de investigação Nanostructure and Drug Delivery liderado pelo cientista Clive Prestidge do Instituto de investigação do Cancro da UniSA.
O estudo, que utiliza uma formulação oral à base de óleo, mostrou seja eficaz numa menor dose do medicamento, mas também o potencial de reduzir drasticamente os possíveis efeitos colaterais, como o inchaço das articulações e a diarreia.
Apesar do Zytiga ser a principal formulação para o tratamento do cancro da próstata, a investigadora principal, Hayley Schultz, referiu que a nova formulação vai fornecer um melhor tratamento aos pacientes com cancro da próstata.
O cancro da próstata é o cancro mais comum diagnosticado nos homens. A taxa de risco de diagnóstico positivo é de um em cada seis homens com idades inferiores a 85 anos.
O estudo cita que em 2019 foram diagnosticados na Austrália mais de 19.500 casos de cancro da próstata. Globalmente, os casos de cancro da próstata atingiram 1,28 milhões de pessoas em 2018.
“Muitos medicamentos são pouco solúveis na água. Assim, quando ingeridos, entram no intestino, mas não se dissolvem, o que significa que seu efeito terapêutico é limitado”, esclareceu Hayley Schultz.
A investigadora esclareceu também que no caso do Zytiga “apenas 10% da dose é absorvida, deixando os outros 90%, não dissolvidos a passar simplesmente pelo corpo como lixo”, e “que os pacientes que tomam Zytiga devem estar sem comer pelo menos duas horas antes de tomar o medicamento e só devem comer passada mais uma hora depois de tomar o medicamento, para haver uma absorção previsível”, o que é extremamente inconveniente.
“A nossa nova formulação muda isto. Ao usar óleos para imitar os efeitos dos alimentos, podemos aumentar significativamente a solubilização e absorção do medicamento, tornando-o mais eficaz e um tratamento muito menos invasivo para os pacientes”, referiu Hayley Schultz.
A nova formulação usa níveis muito altos de acetato de abiraterona dissolvidos num óleo específico e encapsulados em micropartículas de sílica porosa para formar um pó que pode ser transformado em comprimidos ou encher cápsulas. Aplicado ao tratamento humano, pode reduzir a dose de 1000mg para 700mg por dia, sem a necessidade de jejum.
Clive Prestidge referiu que a “nova formulação é flexível o suficiente para ser adotada por milhares de medicamentos diferentes, e o seu potencial para ajudar pacientes de todos os tipos é exponencial”. O cientista refere que aguarda financiamento, para que os ensaios clínicos em humanos possam se desenvolvidos em dois anos.