Toda célula e todo organismo envelhece, mais cedo ou mais tarde. Agora, cientistas do Centro Alemão de Investigação do Cancro, em Heidelberg, descobriram, pela primeira vez, uma proteína que é uma chave da mudança no processo de envelhecimento.
A proteína descoberta controla o tempo de vida de um indivíduo, seja da mosca como do ser humano. Uma descoberta que abre novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias contra doenças relacionadas com a idade.
O stress oxidativo faz com que células e os organismos envelheçam. Se houver acumulação de espécies reativas de oxigénio, vai levar a danos no ADN, bem como a alterações nas moléculas de proteína e lipídios na célula. A célula acaba por perder a funcionalidade e morre. Com o tempo, o tecido sofre e o corpo envelhece.
“A teoria do stress oxidativo ou o acumular de espécies reativas de oxigénio como a causa do envelhecimento existe desde os anos 50”, referiu Peter Krammer, do Centro Alemão de investigação do Cancro. Mas “até agora, no entanto, os detalhes do processo não estavam claros.”
Mas as espécies reativas de oxigénio fazem mais do que danificar o corpo, por exemplo, são essenciais para que as células T do sistema imunológico se tornarem ativas. Os investigadores do Centro Alemão de Investigação do Cancro, liderados por Peter Krammer e Karsten Gülow, descobriram agora o regulador chave que é responsável por mudar o sensível equilíbrio de uma quantidade considerada vital para quantidades perigosas de moléculas reativas de oxigénio e, assim, levar à aceleração do processo de envelhecimento. O regulador chave é uma molécula de proteína chamada TXNIP (proteína que interage com tiorredoxina).
Uma maneira pela qual o corpo dispõe de espécies reativas de oxigénio é sua conversão pela enzima tioredoxina-1 (TRX-1). O TRX-1 tem provado ter um papel na proteção do ADN contra o stress oxidativo e retardar os processos de envelhecimento. Seu antagonista TXNIP inibe a tiorredoxina-1 e, assim, assegura que as moléculas reativas de oxigénio sejam retidas.
Os cientistas do Centro Alemão de Investigação do Cancro investigaram para conhecer se há mais TXNIP a serem formadas no corpo com o aumento da idade, dado que estas minam o mecanismo de proteção contra o stress oxidativo.
Para encontrar a resposta os investigadores compararam as células T do sangue de um grupo de voluntários com mais de 55 anos com as células T de doadores de sangue de um grupo mais jovens, com idades entre 20 e 25 anos, e verificaram que as células dos indivíduos mais velhos produzem significativamente mais TXNIP. Os cientistas do Centro Alemão de Investigação do Cancro também observaram descobertas semelhantes noutros tipos de células e tecidos humanos.
Os investigadores descobriram que há uma maior produção de TXNIP na mosca Drosophila com o aumento da idade. Para testar se TXNIP é realmente responsável pelo envelhecimento, os cientistas criaram moscas que produzem significativamente mais TXNIP do que suas parentes, e moscas em que a síntese de TXNIP é bastante reduzida. “As moscas que produziam mais TXNIP viviam em média muito menos, enquanto as moscas com menos TXNIP tinham uma vida média mais longa”, indicou Tina Oberacker, responsável pelas experiências com moscas.
“TRX-1 e seu oponente TXNIP são altamente conservados ao longo da evolução, eles dificilmente diferem entre moscas e humanos”, explicou Peter Krammer. Pelo que, pode-se considerar que as duas proteínas desempenham funções semelhantes nas moscas e nos humanos. Se há uma maior produção de TXNIP com o aumento da idade, isso significa que o TRX é gradualmente desligado da sua função de proteção. Isso leva a um stress mais oxidativo, que danifica as células e o tecido e, eventualmente, faz com que morram.
Para Peter Krammer o TXNIP é um regulador chave para o envelhecimento. “Cientistas descobriram centenas de genes que estão de alguma forma relacionados ao processo de envelhecimento”, referiu o investigador do Centro Alemão de Investigação do Cancro, e concluiu: “ É suficiente desligar o TXNIP para atrasar o envelhecimento. Da mesma forma, o envelhecimento pode ser acelerado se conseguirmos que as células produzam TXNIP”, pelo que o TXNIP é “um candidato interessante para intervir no processo de envelhecimento.”