Emmanuel Macron, Presidente de França, defendeu no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na inauguração da Conferência sobre o Futuro da Europa, que nesta crise provocada pela pandemia “foi o modelo europeu que se afirmou” e “as pistas para avançar surgiram na Europa perante os desafios que se colocaram”.
No seu entendimento foi o modelo de identidade profunda que fez a Europa resistir durante esta crise, “conseguimos resistir com o nosso modelo de proteção social, com uma Europa de solidariedade, que é fruto de um modelo produtivo e social, de uma Europa de competitividade, de produção, de força económica mas que sempre teve a solidariedade presente desde o início”.
Macron lembrou: “Quando olhamos para esta pandemia vemos que em nenhum outro local no Mundo privilegiou tanto as vidas, e por isso devemos sentir-nos orgulhosos. A cooperação europeia salvou e salva vidas”.
A força da Europa vem da democracia mas esta é cada vez mais contestada em nome de uma alegada eficácia, refletiu o presidente francês e acrescentou mas este modelo é um “tesouro” a preservar.
“Mas a solidariedade tem de avançar a par da soberania, pois não é possível apoiar os mais frágeis se não produzirmos e se não decidirmos defender a soberania do nosso espaço” afirmou Emmanuel Macron.
“No início da crise houve alguma divisão perante a compra de mascaras, com o encerramento de fronteiras e mesmo para a recuperação tivemos divisões”. As divisões existiram “sempre que estávamos dependentes, sempre que nos deparávamos com o risco em que a resposta não estava nas nossas mãos”. Aí, “percebemos que a soberania é também a capacidade de produzirmos hoje e amanhã”.
Isso levou Emmanuel Macron a afirmar “que não podemos ter uma Europa à altura da sua história e dos seus valores senão tomarmos consciência” que não nos podemos manter apenas como “um grande mercado mas temos também de ser grandes produtores, temos de ser uma comunidade de grandes investigadores, criadores, artistas e industriais, porque produzir e criar no nosso território é uma forma de garantir e proteger o nosso modelo e os nossos valores”.
“E esta soberania cultural, académica, industrial e de investigação é essencial. Construi-la passa por vezes pela reconstrução daquilo que abandonamos” que passa por “uma estratégia de construir com alianças industriais europeias, como já começamos a fazer, como as baterias, o hidrogénio, os semicondutores, a computação em nuvem e em alguns meses conseguimos ser os grandes produtores de vacinas no Mundo”. Mas “temos de ir mais longe porque há uma dependência do exterior”.