Os Profissionais Licenciados em Optometria, através da sua Associação (APLO), indicam que estão indignados com os números que foram revelados pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), na monitorização do rastreio de saúde visual infantil.
O número de crianças atendidas em consulta hospitalar da especialidade de oftalmologia, relativamente ao número total de crianças referenciadas ao nível do rastreio, é “insignificante” e realça “as dificuldades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em resolver condições de saúde visual”.
Os optometristas indicam que “o rastreio de saúde visual infantil constitui assim, à luz dos dados revelados pela própria ARS Norte, mais um estrangulamento de acesso a cuidados para a saúde da visão, contribuindo para o aumento das já extensas e crónicas listas de espera da especialidade de oftalmologia, assim como para a criação de alarmismo junto dos pais e crianças referenciadas que se veem impossibilitadas de aceder aos cuidados atempadamente”.
Para a APLO “não existe nenhuma razão para que as listas de espera, para consulta hospitalar da especialidade de oftalmologia, sejam enormes e crescentes e que cada vez mais crianças sofram de deficiência visual moderada ou grave, por não terem óculos prescritos”.
“Os números são alarmantes sendo que apenas 189 crianças têm essa prescrição, num total de 4435 referenciadas. E apesar destes dados apresentados pela ARS Norte, atualizados a 17 de fevereiro, o Ministério da Saúde continua a não concretizar alterações no que toca à legislação dos cuidados primários para a saúde da visão no Serviço Nacional de Saúde”, referiu Raúl de Sousa, presidente da APLO.
Em face da atual situação relatada pela ARS Norte o Raúl de Sousa questiona: “Porque não se seguem as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e se coloca a Optometria e os Optometristas como prestadores de cuidados primários para a saúde da visão, potenciando a prestação de cuidados para a saúde da visão no contexto de equipa multidisciplinar das várias profissões da área, dado que está demonstrado que é uma das soluções óbvias para melhorar a vida dos doentes oculares?”
Para o presidente da APLO “nunca é demais reforçar que a Direção-Geral do Ensino Superior classifica os Optometristas e os seus planos de estudos universitários de Optometria como profissionais de saúde, e que os mesmos estão acreditados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior”.
Raúl de Sousa lembra que a formação dos optometristas “é feita na mesma Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade da Beira Interior e com a cooperação da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que formam médicos deste país”.
Dado que “a APLO é constituída exclusivamente por licenciados de Optometria, sendo que mais de 80% possuem doutoramento, mestrado (5 anos) ou licenciatura (4 anos e meio) com estágio profissional incluído, como mínimo, à semelhança de esmagadora maioria dos países europeus e mais avançados no mundo”, os Optometristas consideram que “é injustificável que a profissão continue a ser rebaixada e desvalorizada”, e que ser feito, “o principal prejudicado é o doente”.