No Dia Europeu do Antibiótico são muitos os alertas sobre a utilização exagerada dos antibióticos e a existência de bactérias resistentes. Nos hospitais, o efeito das bactérias altamente resistentes aos antibióticos têm vindo a causar a morte de muitos doentes.
Seis em cada dez portugueses ainda acredita que os antibióticos são eficazes no combate a vírus, e que são indicados para combater as constipações e a gripe, uma crença que tem vindo a passar de pais para filhos.
Para Hélder Flor, especialista em Medicina Tradicional Chinesa, a prevenção e a mudança de hábitos são fatores importantes para reforçar o sistema imunitário. Um primeiro passo para inverter a tendência do consumo de antibióticos.
Normalmente “os pais acreditam dar antibióticos às crianças, faz com que melhorem mais rapidamente”, indicou Hélder Flor, e acrescentou que o antibiótico vai “logo à partida destruir a flora intestinal que é essencial para o nosso sistema imunitário e provocar obstipação, prisão de ventre ou diarreia”.
O consumo continuado de antibióticos terá consequências anormais e graves a longo prazo. Hélder Flor refere que “estamos a criar uma geração mais resistente à ação dos antibióticos e a aumentar a proliferação de ‘superbactérias’, o que quer dizer que os antibióticos vão ser cada vez menos eficazes nos casos que são realmente necessários e os nossos filhos cada vez mais vulneráveis às bactérias”.
Evolução da resistência a antibióticos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se nada for feito, em 2050 morrerão anualmente cerca de 390 mil pessoas na Europa e 10 milhões em todo o Mundo em consequência direta das resistências aos antibióticos.
De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, da sigla em inglês) em 2015 a resistência aos antibióticos continuou a aumentar, no que se refere à maioria das bactérias e antibióticos sob vigilância. Em particular, a percentagem média na UE de resistência aos ‘carbapenemes em Klebsiella pneumoniae’ aumentou de 6,2% em 2012 para 8,1% em 2015, tendo por vezes sido comunicada a resistência combinada aos ‘carbapenemes’ e ‘polimixinas’.
O ECDC indica que estes dois grupos de antibióticos são considerados antibióticos de última linha, dado que habitualmente são a última opção de tratamento para doentes infetados com bactérias resistentes a outros antibióticos disponíveis. Apesar do consumo de antibióticos em hospitais ter aumentado significativamente em diversos Estados-Membros da União Europeia, o seu consumo desceu em seis Estados-Membros.
Prevenção passa pelo reforço do sistema imunitário
Hélder Flor lembrou que a prevenção é cada vez mais importante, e assinala que há um ano a OMS colocou as carnes processadas na lista de alimentos potencialmente cancerígenos, lado a lado com produtos como o tabaco ou o amianto. No entanto, as carnes processadas têm outros malefícios, dado que o seu consumo “obriga o organismo a perder mais tempo a digeri-los, o que dificulta o processo digestivo e destroem o sistema imunitário devido aos químicos que têm na sua composição, ‘entupindo’ todos os órgãos que são ‘filtros’, como o rim, o fígado e até os intestinos”.
Considerando que o reforço do sistema imunitário é o melhor caminho, Hélder Flor lembrou também que alguns alimentos e produtos podem reforçar o sistema imunitário, incluindo “suplementos de cogumelo ‘coriolus versicolor’, que possui efeitos científicos comprovados no combate ao cancro, bem como a ‘angélica sinensis’, a ‘equinácia’ e até o ‘ginseng’, se a pessoa não for hipertensa.
Além disso, acrescenta o especialista, que na Medicina Tradicional Chinesa “há um ponto localizado na perna que ao ser estimulado pelo recurso à acupunctura melhora o sistema imunitário”, mas alimentos como “o chá de gengibre e canela, a cenoura com o açúcar mascavado e o chá de limão com mel” também podem ajudam a fortalecer o sistema imunitário.