De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA, os coronavírus comuns que afetam os humanos causam geralmente doenças do trato respiratório superior leves a moderadas, como a comum constipação. A maioria das pessoas é infetada com um ou mais desses vírus num qualquer momento das suas vidas.
Mas a partir dos finais de dezembro de 2019 passou-se a falar de um novo coronavírus, uma estirpe que foi detetada pela primeira vez na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, e que afeta os seres humanos, a que mais tarde a Organização Mundial da Saúde veio a chamar a doença COVID-19.
No entanto os coronavírus não são uma novidade para os produtores de gado e de aves, como indicou Heather Simmons, epidemiologista veterinário da Texas A&M AgriLife, dos EUA, dado que “o coronavírus é um vírus comum em rebanhos de animais e nas aves de capoeira e é visto como rotineiro em todo o mundo”.
Animais selvagens na China podem ser os portadores do novo coronavírus
“Na vida selvagem, sabe-se que os morcegos transportam mais de 100 diferentes estirpes de coronavírus, e as civetas selvagens são a fonte do coronavírus que causa a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), relatada pela primeira vez na China em 2002-2003”, referiu Heather Simmons, e acrescentou que “embora o nosso conhecimento ainda seja limitado, os pangolins selvagens vendidos vivos nos mercados podem estar associados ao atual surto de coronavírus na China”.
É um facto que os morcegos, civetas e pangolins são vendidos vivos em mercados na China, e que os coronavírus hospedados nos animais selvagens são perigosos, pois têm o potencial de sofrer mutações, e adaptar-se para se propagarem para novas espécies, incluindo os seres humanos.
A capacidade de mutação “é agora a preocupação, com a nova estirpe de coronavírus” que “causa doenças em humanos”, referiu Simmons, e acrescentou: “É importante compreender a diferença entre os coronavírus que ocorrem no gado e nas aves domésticas, em comparação com os coronavírus que passam da vida selvagem para os seres humanos”.
Coronavírus no gado de produção não se transmite aos humanos
Heather Simmons referiu que, até o momento, os coronavírus nos animais de produção não são considerados doenças relatáveis porque o seu principal efeito é um ónus económico para os produtores de gado.
Sabe-se que ocorrem anualmente em todo o mundo alguns coronavírus que se encontram em animais de produção, e que provocam escoriações e a disenteria de inverno em bovinos de corte e leite, o coronavírus respiratório em suínos e o coronavírus da bronquite infeciosa aviária em aves de capoeira.
A Organização Mundial da Saúde informou que embora se saiba da existência de um coronavírus, o MERS-CoV, que é transmitido de dromedários para humanos, não é conhecido que outros coronavírus que circulam em animais domésticos tenham infetado humanos.
Coronavírus no gado
Os coronavírus afetam o sistema respiratório ou o sistema gastrointestinal, dependendo da espécie e da idade do animal, e têm uma alta morbidade, ou taxa de doença, em animais e aves, mas geralmente são considerados como tendo baixa mortalidade, ou taxa de morte.
Coronavírus em bovinos
Nos bezerros, a diarreia geralmente ocorre em animais com menos de três semanas de idade devido à falta de obtenção de anticorpos quando o bezerro não recebe colostro suficiente da mãe para criar imunidade, ou seja o primeiro leite que é produzido após o parto. Os sinais clínicos incluem desidratação grave e diarreia. A gravidade dos sinais clínicos depende da idade do bezerro e do seu estado imunológico. Isso costuma ser visto pelos produtores nos meses de inverno, pois o vírus é mais estável quando está frio. Outro dos sinais clínicos é a disenteria de inverno, que é encontrada em bovinos adultos.
Mas há sinais clínicos que incluem diarreia com sangue, com diminuição da produção, perda de apetite e alguns sinais respiratórios. Os coronavírus bovinos também podem causar doença respiratória leve ou pneumonia em bezerros até aos seis meses. O vírus é expelido no ambiente através de secreções nasais e fezes.
Coronavírus em suínos
Existem vários coronavírus que afetam os suínos, sendo os sinais clínicos ao nível do trato respiratório ou gastrointestinal. Nas porcas e leitões, o coronavírus respiratório porcino não apresenta geralmente sinais clínicos. Quando ocorrerem sinais clínicos, é normalmente uma tosse transitória e a disseminação da doença ocorre por propagação aerossol.
Coronavírus em aves domésticas
O vírus da bronquite infeciosa é uma doença respiratória que se espalha rapidamente pelos pintainhos jovens. Os sinais clínicos em galinhas poedeiras incluem uma menor produção, anormalidades na casca dos ovos e diminuição da qualidade interna dos ovos.