O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, referiu hoje, antes da abertura da Conferência das Nações Unidas sobre alterações Climáticas – COP 25, em Madrid, que um relatório da Organização Meteorológica Mundial indica que os últimos cinco anos foram os mais quentes até agora registados, o nível do mar está a aumentar, as calotas de gelo estão a derreter a velocidades sem precedentes, os oceanos estão a tornar-se mais ácidos e a biodiversidade em terra e no mar está sob severo ataque.
As alterações climáticas são uma ameaça dramática à vida humana
“Os desastres naturais relacionados ao clima estão a tornar-se mais frequentes, mais mortais, mais destrutivos, com crescentes custos humanos e financeiros. A seca, em algumas partes do mundo, está a progredir a taxas alarmantes, destruindo habitats humanos e a colocar em risco a segurança alimentar”, referiu António Guterres.
O Secretário-geral das Nações Unidas acrescentou: “Todos os anos, a poluição do ar, associada às mudanças climáticas, mata sete milhões de pessoas. As mudanças climáticas tornaram-se uma ameaça dramática à saúde e à segurança humana.”
Para António Guterres as alterações climáticas não são um problema a longo prazo, pois no seu entender, já estamos perante uma crise climática global. No entanto, considera que a ainda pode haver esperança, e assim lança a desafio: “A nossa guerra contra a natureza deve parar”.
Aumento de temperatura de 1,5º C
O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas indicou que “devemos limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, alcançar a neutralidade do carbono em 2050 e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 45% em relação aos níveis de 2010, até 2030”.
António Guterres referiu: “Até agora os nossos esforços para alcançar essas metas eram totalmente inadequados”, e “os compromissos assumidos em Paris ainda levariam a um aumento de temperatura acima dos três graus Celsius”, mas mesmo assim, “muitos países nem sequer cumprem esses compromissos”.
“As emissões de gases de efeito estufa ainda estão a crescer a um ritmo alarmante”, com o mundo a produzir 120% mais combustíveis fósseis do que o que é consistente com o objetivo dos 1,5 graus Celsius, e no caso do carvão a percentagem é de 280%.
Falta vontade política
A opinião pública está a acordar em todos o lado e os jovens estão a mostrar uma notável liderança e mobilização. Cada vez mais cidades, instituições financeiras e empresas estão a comprometerem-se com o caminho para a limitação dos 1,5 graus Celcius.
António Guterres afirmou que o que ainda falta é a vontade política. Uma vontade política para colocar um preço no carbono e para interromper os subsídios aos combustíveis fósseis. Uma vontade política para parar a construção de centrais a carvão a partir de 2020, e para colocar os impostos sobre quem polui em vez de os colocar sobre os cidadãos.
Para António Guterres é preciso parar de “cavar” e de “perfurar” e aproveitar as vastas possibilidades oferecidas pelas energias renováveis e pelas soluções baseadas na natureza.