Um novo estudo mostra que um maior consumo de frutas e vegetais pode estar associado a um menor risco de morte prematura em pacientes submetidos à hemodiálise de manutenção. Os resultados que estão publicados na Clinical Journal of the American Society of Nephrology sugerem, no entanto, que agora são necessários mais estudos para ajustar as recomendações dietéticas aos pacientes com insuficiência renal.
Maior ingestão de frutas e vegetais está relacionada com menor mortalidade cardiovascular na população geral, mas os pacientes com insuficiência renal em hemodiálise são frequentemente desencorajados deste tipo de dieta devido ao seu potencial em aumentar uma acumulação de potássio, e dado que o potássio é sobretudo (90%) excretado pela urina.
Uma equipe liderada por Giovanni Strippoli, Diaverum AB, na Suécia, Universidade de Bari, na Itália, Valeria Saglimbene, e Germaine Wong, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Sydney, na Austrália, desenvolveram um estudo para avaliar a associação do consumo de frutas e hortaliças com a mortalidade devido a todas as causas, cardiovascular e não cardiovascular, entre adultos em hemodiálise.
“Embora a dieta seja um componente chave da autogestão e forneça uma oportunidade importante para uma abordagem colaborativa entre pacientes e profissionais de saúde para melhorar o bem-estar, As evidências são limitadas sobre o impacto da dieta nos resultados para o paciente”, referiu Valeria Saglimbene.
O estudo envolveu 8.078 pacientes em hemodiálise que completaram questionários de frequência alimentar, tendo-se verificado que apenas 4% dos pacientes consumiram pelo menos 4 porções de frutas e vegetais por dia, conforme recomendado para a população em geral.
Os investigadores observaram que houve 2.082 mortes, sendo 954 de causas cardiovasculares, durante um acompanhamento médio de 2,7 anos.
O estudo comparou os pacientes que consumiram de 0 a 5,5 porções de frutas e vegetais combinados por semana, os que consumiram entre 5,6 e 10 porções e os que consumiram mais de 10 porções, e verificaram que os riscos de morrer foram de 10% e 20% menos respetivamente em relação aos que consumiram menor quantidade de frutas e legumes. Os investigadores verificaram ainda haver 12% e 23% de menor risco de morrer por causas não cardiovasculares.
“Estas descobertas sugerem que orientações bem-intencionadas para limitar o consumo de frutas e hortaliças para evitar uma maior carga de potássio na dieta podem privar os pacientes em hemodiálise dos benefícios potenciais desses alimentos, referiu Germaine Wong.
O investigador acrescentou que são necessários “testes de intervenção de ingestão de frutas e vegetais para apoiar as recomendações dietéticas para pacientes em hemodiálise.”
Para Giovanni Strippoli são necessários “estudos futuros que explorem os potenciais benefícios de uma abordagem dietética completa no cenário de hemodiálise.”
Em editorial Ranjani Moorthi, da Universidade de Indiana, considera que estas descobertas podem estimular futuros estudos, e escreveu: “A esperança é que este excelente estudo de coorte constituia a base de ensaios controlados randomizados bem planeados para testar os efeitos de frutas e vegetais em pacientes submetidos à hemodiálise.”
Os coautores do estudo incluem Marinella Ruospo, Suetonia Palmer, Vanessa Garcia-Larsen, Patrizia Natale, Armando Teixeira-Pinto, Katrina Campbell, Juan-Jesús Carrero, Peter Stenvinkel, Letizia Gargano, Angelo Murgo, David Johnson, Marcello Tonelli, Rubén Gelfman, Eduardo Celia, Tevfik Ecder, Amparo Bernat, Domingo Del Castillo, Delia Timofte, Marietta Török, Anna Bednarek-Skublewska, Jan Duława, Paul Stroumza, Susanne Hoischen, Martin Hansis, Elisabeth Fabricius, Paolo Felaco, Charlotta Wollheim, Jörgen Hegbrant, e Jonathan Craig.