O consumo mais elevado de café está associado a um menor risco de morte. Esta é a conclusão de estudo de investigação apresentado hoje no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Barcelona.
“O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo”, referiu Adela Navarro, cardiologista do Hospital de Navarra, em Pamplona, Espanha. Diversos estudos têm vindo a concluir que “beber café pode estar inversamente associado à mortalidade”, mas até agora a questão não tinha sido investigada num país mediterrânico”.
O estudo realizado na Universidade de Navarra examinou a associação entre o consumo de café e o risco de mortalidade numa coorte, (grupo de pessoas com caraterísticas para estudo de investigação), mediterrânica de meia-idade. O estudo foi realizado no âmbito do Projeto ‘Seguimiento Universidad de Navarra’ (SUN), um estudo de coorte prospetivo de longo prazo, iniciado em 1999 e que envolveu mais de 22.500 universitários espanhóis.
O estudo inclui a análise de 19.896 participantes do Projeto SUN, com idade média de 37,7 anos. No início do estudo, os participantes preencheram um questionário semi-quantitativo sobre frequência alimentar, o questionário foi previamente validado para recolher informações sobre consumo de café, estilo de vida e características sociodemográficas, medidas antropométricas e condições anteriores de saúde.
De acordo com comunicado da Sociedade Europeia de Cardiologia, os participantes foram acompanhados durante dez anos, em média. A informação sobre mortalidade dos participantes do estudo foi obtida através das suas famílias, autoridades e pelo Índice Nacional de Mortes. Os investigadores usaram no estudo os modelos de regressão de Cox para estimar os índices de risco e os intervalos de confiança de 95% para a mortalidade, por incidência de acordo com o consumo total de café ajustado para potenciais fatores de falta de rigor.
O estudo indica que durante o período de dez anos morreram 337 participantes, e que os investigadores verificaram que os participantes que consumiram pelo menos quatro chávenas de café por dia tiveram 64% menor risco de mortalidade em comparação com os que nunca ou quase nunca consumiram café. Nos participantes que consumiram por dia duas chávenas de café verificaram que o risco de mortalidade foi de menos 22%.
Os investigadores examinaram se o sexo, a idade ou a adesão à dieta mediterrânea tinham alguma influência entre o consumo de café e a mortalidade, e verificaram haver uma interação significativa entre o consumo de café e a idade. Os participantes com pelo menos 45 anos de idade, que consumiram duas chávenas de café por dia tiveram um risco de mortalidade 30% menor. A associação não foi significativa entre os participantes mais jovens.
“No projeto SUN, encontramos uma associação inversa entre o consumo de café e o risco de mortalidade, independentemente das causas da morte, especialmente em pessoas com idade igual ou superior a 45 anos. Isso pode ser devido a uma associação de proteção mais forte entre os participantes mais velhos”, referiu Adela Navarro.
A investigadora concluiu que os “resultados sugerem que beber quatro chávenas de café por dia pode ser parte de uma dieta saudável em pessoas saudáveis”.