O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) confirmou hoje que foram identificados sete casos da COVID-19 associados à variante do Brasil. A variante designada por 501Y.V3 (P.1), foi primeiramente detetada no Brasil, em particular na região de Manaus, Amazónia.
Esta variante do coronavírus SARS-Cov-2 tem vindo a ser indicada pelas autoridades de saúde mundiais como possuindo um elevado potencial de transmissão, merecendo um especial cuidado de vigilância. Trata-se de uma variante que pode ser menos reconhecida por alguns dos anticorpos gerados no decurso de uma infeção, suscitando naturalmente uma atenção acrescida, indicou o INSA.
Estes primeiros casos identificados em Portugal, através da sequenciação genómica, foram sinalizados pelos laboratórios UniLabs e Synlab, que agora o INSA confirmou. “Autoridades de Saúde, já efetuaram as devidas diligências para o rápido rastreio de contactos e adoção de todas as medidas de saúde pública consideradas necessárias para a interrupção de potenciais cadeias de transmissão”, referiu, em comunicado, o INSA.
A variante brasileira apresenta diversas mutações e só é detetada em amostras de doentes positivos para COVID-19, através de uma tipologia de teste RT-PCR dirigido aos genes mutados por esta variante. A tipologia de teste tem permitido aos laboratórios, como o SYNLAB proceder a análises dirigidas às variantes brasileira, sul-africana e do Reino Unido em cada amostra positiva de COVID-19.
A variante do coronavírus SARS-Cov-2 do Brasil possui uma elevada capacidade de transmissão – cerca de 50% mais contagiosa – e é mais resistente a anticorpos, provocando casos de doença grave e com um quadro clínico caracterizado por complicações mais severas, e atinge maioritariamente pessoas mais novas.
Laura Brum, diretora clínica da SYNLAB, explicou: “Os três casos da variante Brasileira P1 de Manaus, identificados pelo nosso Laboratório SYNLAB, foram hoje confirmados pelo INSA. Esta variante, tal como as restantes conhecidas, resulta de uma evolução muito rápida do vírus e de uma maior adaptação ao hospedeiro. É isso que as torna mais transmissíveis. No caso específico da variante brasileira, a sua característica principal assenta no facto de as suas mutações interferirem com a capacidade de reação aos anticorpos naturais. Alguns estudos demonstram ainda a falha de atuação dos anticorpos às vacinas perante esta variante, pelo que já se fala de uma segunda geração de vacinas. Vamos continuar a trabalhar na identificação de variantes do SARS CoV-2, em colaboração com as autoridades de saúde e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.”