O Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) do Património Cultural, Instituto Público organiza, dia 12 de dezembro, às 18h00, a conferência “Fahrenheit 1759 – Das Falsas Cores da Arqueografia Submarina à Geofísica do Fim de uma Verdadeira Batalha Naval”, sendo orador o investigador e arqueólogo Jean-Yves Blot.
Em comunicado, o Património Cultural indica que a conferência será precedida, às 17h00, por visita guiada às instalações do Centro de Arqueologia, na Rua da Manutenção, n.º 5, em Lisboa, e pela cerimónia de doação ao CNANS da edição “Fahrenheit 1759” e de um sonar multifeixe, por Luís Sá Couto, da empresa de mergulho Subnauta. A entrada é livre.
“Fahrenheit 1759” de Jean-Yves e Maria Luísa Blot descreve, reconstitui e analisa dois naufrágios no contexto da batalha de Lagos entre navios de guerra franceses e ingleses, travada há mais de duzentos anos na costa algarvia, ao largo do concelho de Vila do Bispo, durante a Guerra dos Sete Anos.
Como indica o comunicado do Património Cultural o livro relata também a parceria entre os autores e Luís Sá Couto da empresa de mergulho Subnauta, editores da publicação, no estudo do navio almirante francês L’Ocean, abordando o modo de visitar e interpretar estes vestígios arqueológicos dentro da paisagem cultural onde se insere e o resultado dos trabalhos geofísicos que permitiram identificar outra embarcação daquela esquadra francesa que também naufragou nesta batalha, o Redoutable.
A empresa Subnauta vai doar mais de um milhar e meio de volumes da obra sobre o L’Ocean, sítio marcante na história da arqueologia subaquática portuguesa, que irão ser enviados pelo Património Cultural a bibliotecas públicas e utilizados em permutas com outras instituições, e um sonar multifeixe, instrumento destinado a medir a profundidade do fundo em relação à superfície da água em diversos pontos, de forma simultânea, mais rápida, mais precisa e sem interpolação. Este equipamento é essencial à atividade do CNANS.
Jean-Yves Blot
Como descre o Património Cultural em nota de imprensa, Jean-Yves Blot é um arqueólogo náutico de origem francesa há muito radicado em Portugal. Antigo aluno do arqueólogo naval Jean Boudriot, da École des Hautes Études (Paris), é doutorado em arqueologia naval pela Universidade de Paris 1- Sorbonne, membro honorário da Academia de Marinha e investigador do CHAM – Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Autor de várias dezenas de artigos e de obras de referência mundial para a arqueologia marítima, para o estudo da construção naval e para a prospeção geofísica aplicada à arqueologia subaquática como La Méduse, chronique d’un naufrage ordinaire [Mauritânia] (1981), Sur les traces du Saint-Géran [Ilhas Maurícias] (1985), L’archéologie sous-marine (1988), L’Histoire Engloutie ou l’archéologie sous-marine (1995), Le Naufrage des Portugais (2000), Fahrenheit 1759, a Batalha de Lagos (2012) e O Bambu Imperial, norma e invenção nas embarcações tradicionais Chinesas (2013).
Em Portugal, enquanto colaborador histórico do Museu Nacional de Arqueologia e do CNANS, em estreita articulação com Maria Luísa Blot desde meados da década de 1970, dirigiu projetos de investigação percursores e inovadores em Portimão (Ponta do Altar A), Peniche (San Pedro de Alcantara, Berlengas, Cortiçais), Aljezur (La Condesa), Faro (Faro A), Vila do Bispo (L’Ocean, Redoutable), destacando-se ainda o seu contributo fundador na Carta Arqueológica Subaquática de Portugal.
De referir também que é reconhecido pelos trabalhos arqueológicos realizados na Islândia (Pourquoi Pas), França, Moçambique e China e pelos seus estudos históricos sobre a fragata Santo Antonio de Tanna (Quénia).