A COVID-19 parece, até agora, poupar mais as crianças, mas os investigadores alertam que é fundamental entender como o coronavírus afeta as crianças para modelar a pandemia com precisão, limitar a propagação da doença e garantir que os pacientes mais jovens recebam os cuidados de que necessitam.
O alerta e aviso vem de Steven L. Zeichner, chefe da Divisão de Doenças Infeciosas Pediátricas do sistema de saúde da Universidade de Virgínia, e de Andrea T. Cruz, médica pediatra de emergência médica do Baylor College of Medicine de Houston. Em artigo publicado na revista Pediatrics os especialistas revelam que apenas uma pequena percentagem de crianças infetadas fica gravemente doente, e que as de maior risco incluem bebés e na idade pré-escolar.
“Muitas doenças infeciosas afetam as crianças de maneira diferente dos adultos, e entender essas diferenças pode gerar informações importantes”, escrevem os especialistas, e acrescentam: “Isto provavelmente será verdade para a COVID-19, assim como foi para as doenças infeciosas mais antigas”.
Avaliação de riscos da COVID-19 em crianças
Steven Zeichner e Andrea Cruz indicam que existem subgrupos de crianças que parecem estar em maior risco de complicações com a COVID-19, principalmente as mais jovens, imunocomprometidas ou com outros problemas de saúde pulmonar.
No entanto, a presença de outras infeções virais em cerca de dois terços dos casos de crianças infetadas com coronavírus dificulta a avaliação do verdadeiro efeito do COVID-19 em crianças., referem os investigadores.
As crianças sem sintomas podem estar a transmitir o coronavirus
Mas embora muita coisa permaneça desconhecida, Steven Zeichner e Andrea Cruz advertem que as crianças, mesmo as crianças assintomáticas, podem desempenhar um “papel importante” na transmissão da doença.
Num estudo citado pelos investigadores foi descoberto que o vírus permaneceu nas fezes das crianças durante várias semanas após o diagnóstico. Isto, combinado com outras vias de transmissão, como secreções nasais, pode representar um grande desafio para toda a população, e em especial para a famílias das crianças.
“Como muitas crianças infetadas com a COVID-19 parecem ter sintomas leves ou até mesmo não apresentarem sintomas, é importante praticar todas as distâncias sociais, higiene e outras precauções recomendadas pelas autoridades de saúde pública para minimizar a transmissão de crianças para outras pessoas, incluindo familiares que podem estar em maior risco de infeção, como avós ou familiares com condições médicas crónicas “, referiu Steven Zeichner.
O especialista que está trabalhando em potenciais e inovadoras vacinas para a COVID-19 referiu: “Além disso, os estudos sobre as razões pelas quais as crianças são afetadas de maneira diferente pela infeção em comparação com os adultos podem fornecer informações que podem ser úteis para entender a doença e maneiras de a tratar ou de a prevenir”.