É conhecido que a obesidade, diabetes e inflamação crónica são os principais fatores de risco para o cancro. Mas o modo como o cancro evolui em pessoas com essas doenças, e o porque é que uma dieta saudável e exercício regular podem ajudar a prevenir o cancro. Isto ainda é mal compreendido. Uma nova investigação concluiu que as doenças ao fornecerem uma muito grande energia às células podem torná-las cancerígenas.
Grande parte da investigação que explora como o cancro se desenvolve concentra-se nas mutações que surgem em células não-reprodutivas, o que significa que não são passadas de pais para filhos; em vez disso, só são passadas para novas células “filhas” quando uma célula mutada se divide dentro de um tecido.
Mas vários surgiram recentes estudos que sugeriram que essas “mutações direcionais” são surpreendentemente comuns em células normais e não apenas em cancros. Este conhecimento levou John Pepper, biólogo da Divisão de Prevenção do Câncer do Instituto Nacional do Cancro e professor externo do Instituto Santa Fé, “a acreditar que as mutações do cancro não podem ser a explicação completa de alguns tecidos causarem cancro, enquanto outros não.”
O tecido saudável possui um limitador embutido que mantém a proliferação celular sob controlo. Mas uma sobrecarga de energia, que é comum em diabetes, obesidade e inflamação, pode sobrecarregar o sistema de proliferação. “Uma questão é: qual é a sobrecarga de energia das células necessária para a proliferação? Se é maior em alguns tecidos, isso pode levar a uma evolução para cancro”, referiu o biólogo.
John Pepper, Daniel Wu, da Stanford University, e C. Athena Aktipis, da Arizona State University, basearam-se em trabalhos anteriores de investigadores franceses e de outros que sugeriam que um excesso de energia poderia ser um desses recursos de proliferação. Ao simular o que acontece quando um tecido é inundado de energia, os investigadores descobriram que a sobrecarga causou um boom na produção de células.
Assim, o estudo já publicado na revista Evolution, Medicine and Public Health, sugere, desta forma, uma nova explicação sobre como o cancro evolui, particularmente em obesos e em outras populações de alto risco.
A descoberta também pode ajudar a explicar o inverso, ou seja, seguir uma dieta saudável e fazer exercício regularmente pode reduzir o risco de cancro. Mas “uma das partes que faltou explicar é que, quando essas mudanças de estilo de vida são feitas, tem que ser através de algum tipo de mecanismo fisiológico”, referiu o autor do estudo.
Embora estudos empíricos sejam necessários para confirmar as descobertas, o atual estudo estabelece as bases para o que pode ser um avanço importante na investigação de prevenção do cancro – uma área que merece maior atenção, acrescentou o investigador.