A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) recomenda a todos os médicos dentistas a suspensão ou adiamento das consultas programadas que não sejam urgentes, e por tempo indeterminado. A OMD lembra que legalmente não tem poderes para instruir as clínicas e os consultores a fechar portas, mas que a recomendação vem “na sequência do estado de alerta em que Portugal vive por causa da pandemia da Covid-19”.
A OMD indica que “os médicos dentistas estão especialmente expostos a eventuais contágios nas consultas” e que “criou um grupo de trabalho de acompanhamento da situação que funciona desde o início do mês para divulgar informação e recomendações aos médicos dentistas”.
“Vivemos uma situação absolutamente inédita com graves implicações em termos de saúde pública. Legalmente a Ordem não pode decretar o fecho da clínicas e consultórios, pelo que face à evolução da pandemia, o que podemos fazer é recomendar aos médicos dentistas que atendam apenas urgências. Já reunimos com a Ministra da Saúde e alertámos para a situação crítica dos médicos dentistas e seus pacientes”, referiu Orlando Monteiro da Silva, Bastonário da OMD.
A OMD indica que “denunciou ainda à Ministra da Saúde a falta de equipamento de proteção individual, nomeadamente máscaras para doentes com a Covid-19 ou em quarentena”.
Entretanto o Bastonário referiu que “o Ministério irá garantir, através do INFARMED, o fornecimento de máscaras adequadas para os médicos dentistas tratarem doentes com o Covid-19 ou em quarentena. Subsiste ainda, como resulta de um inquérito feito pela Ordem, a ausência no mercado de material de proteção para atendimento de situações de urgência e que é prioritário resolver”.
Num inquérito online realizado ontem, 13 de março, pela OMD, para aferir o ponto de situação nas clínicas e consultórios, e no qual participaram cerca de 7000 médicos dentistas, a grande maioria já tinha suspendido a atividade ou reduzido as consultas e tratamentos a serviços mínimos de urgência.
“Dos que responderam ao inquérito, 95% considera importante que seja decretada oficialmente pelo Estado uma medida de suspensão”, indicou a OMD.
A OMD indica que está “preocupada com as implicações financeiras desta pandemia, uma vez que muitos médicos dentistas são profissionais liberais e tem alertado o governo para as graves consequências desta situação”.
Para o Bastonário “é importante que o governo tome todas as medidas necessárias para proteger os profissionais e garantir que os apoios sociais chegam a todos independentemente do seu vínculo laboral.”
Há cerca de dez mil médicos dentistas a exercer em Portugal, para além de higienistas e assistentes dentários, bem como protésicos. No total, entre 25 a 30 mil pessoas podem ser diretamente afetadas por esta situação, lembra a OMD.
A OMD indica ainda que está a trabalhar em permanência com o governo, a Direção Geral da Saúde, o INFARMED, os Serviços Partilhados, as Ordens e todos os reguladores envolvidos fazendo notar a necessidade de apoiar os médicos dentistas.
Em face da atual situação a OMD “apela a todos os médicos dentistas que cumpram escrupulosamente as recomendações e medidas difundidas pelo governo, pelas autoridades de saúde e pela própria Ordem”.