A arte de recriar o azulejo português é o trabalho criativo que dois artistas plásticos do Porto expõem, durante o mês de abril, na Dinamarca. Cláudia Nair Oliveira, mentora do projeto artístico Marias Paperdolls, e Victor Escaleira, escultor, inspiraram-se na azulejaria portuguesa para a exposição “Memories of an Identity” que levaram à cidade dinamarquesa Hørsholm onde é visitável até 30 de abril.
A exposição conjunta pretende apresentar ao público “novas composições, novos estilos e novas linguagens para a azulejaria portuguesa”. As obras retratam “a ilustração as várias influências e inspirações que ambos os artistas plásticos absorvem, no seu quotidiano.”
O azulejo inspirador de arte
O azulejo é considerado como uma das produções mais originais da cultura portuguesa, com forte sentido cenográfico descritivo e monumental, através do azulejo dá-se a conhecer, “como num extenso livro ilustrado de grande riqueza cromática, não só a história, mas também a mentalidade e o gosto de cada época. Uma arte onde os portugueses têm 500 anos de tradição.”
Trabalhar com o azulejo, como fonte e objeto de inspiração, partiu do facto ser um símbolo de referência nacional, explicou a artista Cláudia Nair Oliveira que “equacionando a admiração e a paixão” que ambos os artistas indicam ter azulejaria, “ nasceu a ideia de trabalhar esta arte de azulejar, explorando novos conceitos e abordagens através dos materiais que cada um de nós trabalha como tela: o papel e a madeira.”
“No meu caso, são as minha bonecas – Marias Paperdolls – que vão dar corpo e alma ao azulejo”, referiu Cláudia Nair Oliveira.
Por seu lado, Victor Escaleira, referiu: “Este projeto artístico assumiu-se como grande desafio criativo que incidiu na recriação do azulejo tradicional, metamorfoseando-o sem perder a identidade, ou seja, criando apenas um conceito diferente, recorrendo à matéria-prima usada nas nossas obras – papel e madeira – e incorporando inovação e criatividade na produção.”
Os artistas indicaram que “a oportunidade de levar a arte alusiva ao azulejo português à Dinamarca surgiu do convite feito pela marca VELUX – um grupo industrial com sede naquele país e com representação em Portugal – que tem criado, há mais de 70 anos, os melhores ambientes habitacionais em todo o mundo.”
Cláudia Nair Oliveira, Mentora do projeto artístico MARIAS PAPERDOLLS
Cláudia Nair Oliveira abraça a arte de reciclar papel para construir bonecas artesanais que retratam cultura, património e personalidades. Cada peça conta uma história, defende uma causa, passa uma mensagem, tem ‘Alma e Identidade’.
As MARIAS PAPERDOLLS enquadram-se num conceito criativo, contemporâneo e ambiental, dado o uso de material reciclado, e têm no ADN uma essência humanista que gira em torno do universo feminino. Através das inúmeras, variadas e criativas ilustrações, as MARIAS PAPERDOLLS contam histórias, são rosto de causas e voz de mensagens pelo mundo.
As bonecas de Cláudia Nair Oliveira já se espalhadas um pouco por todo o país, já se internacionalizaram em países como Espanha, França, Itália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Áustria e, brevemente, chegarão ao Japão.
Victor Escaleira, Escultor
Victor Escaleira abraça a arte de esculpir madeira, criando obras inspiradas no que o rodeia. Depois de uma passagem de cinco anos a trabalhar ao vivo a madeira numa companhia de teatro, no âmbito de feiras temáticas em Portugal e estrangeiro, faz um interregno desde 2010, voltando ao ativo em 2016, iniciando uma nova fase nos seus trabalhos.
O seu mais recente projeto criativo foi ao serviço do Município de Valongo, no final de 2017, onde foi coautor da obra artística intitulada “Cápsula do Tempo” que foi concebida no âmbito das comemorações dos 180 anos do concelho.