A laureada deste 2023 com o Prémio Nobel em Ciências Económicas, Cláudia Goldin, apresentou o primeiro relato abrangente sobre os rendimentos das mulheres e a participação no mercado de trabalho ao longo dos séculos. A sua investigação revela as causas da mudança, bem como as principais fontes das restantes disparidades de género.
A Real Academia das Ciências da Suécia descreve que as mulheres estão muito sub-representadas no mercado de trabalho global e, quando trabalham, ganham menos que os homens.
Cláudia Goldin, nascida em 1946 em Nova Iorque, EUA. Doutorada em 1972 pela Universidade de Chicago, e Professora da Universidade de Harvard, Cambridge, EUA, vasculhou os arquivos e recolheu mais de 200 anos de dados dos EUA, o que lhe permitiu demonstrar como e porquê as diferenças de género nos rendimentos e nas taxas de emprego mudaram ao longo do tempo.
Cláudia Goldin mostrou que a participação feminina no mercado de trabalho não teve uma tendência ascendente ao longo de todo este período, mas sim uma curva em forma de U. A participação das mulheres casadas diminuiu com a transição de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial no início do século XIX, mas depois começou a aumentar com o crescimento do sector dos serviços no início do século XX. Cláudia Goldin explicou este padrão como o resultado de mudanças estruturais e da evolução das normas sociais relativas às responsabilidades das mulheres em relação ao lar e à família.
Durante o século XX, os níveis de educação das mulheres aumentaram continuamente e, na maioria dos países de rendimento elevado, são agora substancialmente mais elevados do que os dos homens. Cláudia Goldin demonstrou que o acesso à pílula contracetiva desempenhou um papel importante na aceleração desta mudança revolucionária, oferecendo novas oportunidades para o planeamento de carreira.
Apesar da modernização, do crescimento económico e do aumento da proporção de mulheres empregadas no século XX, durante um longo período de tempo a disparidade salarial entre mulheres e homens dificilmente foi colmatada. De acordo com Cláudia Goldin, parte da explicação é que as decisões educativas, que têm impacto numa vida inteira de oportunidades de carreira, são tomadas numa idade relativamente jovem. Se as expectativas das mulheres jovens forem formadas pelas experiências das gerações anteriores – por exemplo, das suas mães, que não voltaram a trabalhar até os filhos crescerem – então o desenvolvimento será lento.
Historicamente, grande parte da disparidade salarial entre homens e mulheres poderia ser explicada por diferenças na educação e nas escolhas profissionais. Contudo, Cláudia Goldin demonstrou que a maior parte desta diferença de rendimentos ocorre agora entre mulheres e mulheres que exercem a mesma profissão e que surge em grande parte com o nascimento do primeiro filho.
“Compreender o papel da mulher no trabalho é importante para a sociedade. Graças à investigação inovadora de Claudia Goldin, sabemos agora muito mais sobre os factores subjacentes e quais as barreiras que poderão ter de ser abordadas no futuro”, afirmou Jakob Svensson, Presidente do Comité do Prémio em Ciências Económicas.