Mais de 16.000 cientistas chineses que trabalhavam em vários países no mundo já regressaram à China. Em 2017 mais de 4.500 cientistas chineses deixaram os Estados Unidos da América e regressaram à China, um número que é quase o dobro do verificado em 2010, revela estudo publicado na revista Science and Public Policy.
Estes investigadores formados e especializados nos diversos países estão ajudar a transformar a China numa potência científica, referiu Caroline Wagner, coautora do estudo e professora associada do John Glenn College of Public Affairs da Universidade Estadual de Ohio.
Caroline Wagner acrescentou: “A China juntou-se à comunidade científica global para se tornar líder de classe mundial em vários campos críticos, como a Inteligência Artificial e Ciência dos Materiais”, e “ à medida que mais investigadores regressam para a China, esse crescimento vai continuar”.
No estudo os investigadores recorreram ao banco de dados do editor científico Elsevier que lhes permitiu rastrear os investigadores com base nas suas publicações em revistas científicas. De entre os coautores do estudo estão também Cong Cao, da Universidade de Nottingham Ningbo China, Jeroen Baas da Elsevier e o Centro Internacional para o Estudo da investigação na Holanda, e Koen Jonkers, do Centro Comum de investigação, Comissão Europeia, na Bélgica.
Os autores do estudo traçaram os caminhos dos cientistas chineses que primeiro publicaram na China e, posteriormente, em outro país, ou, que primeiro publicaram no exterior e depois na China, para rastrear a mobilidade individual.
Os resultados mostraram que o número de investigadores chineses que vão para os Estados Unidos é maior que o número que vai para a Europa. Mas verificaram que a probabilidade dos cientistas chineses regressarem à China é maior entre os cientistas na Europa do que nos Estados Unidos.
Caroline Wagner indicou que “a elite dos cientistas chineses têm maior probabilidade de permanecer nos Estados Unidos do que ir para a China, e isso é bom para os Estados Unidos”, mas “a China tem programas para os atrair de regresso à sua terra natal”.
Cientistas que regressam estão a tornar a China uma potência científica
Os autores do estudo verificaram que 12% dos estudos publicados por investigadores na China eram de autores que trabalharam noutros países, no entanto consideram que a percentagem deverá ser superior. Mas mais importante é que os que trabalharam no exterior e regressaram à China publicaram mais estudos de alto impacto do que os cientistas que não trabalharam no exterior, e são mais produtivos.
Uma das razões para o sucesso dos investigadores que regressaram foi que estes publicaram mais estudos em colaboração com estrangeiros. Caroline Wagner indicou que quanto mais aberto é um país para a cooperação científica entre países, mais forte é o seu impacto científico. O que justifica que a China lide bem com o fato de muitos dos seus cientistas permanecerem nos Estados Unidos, na Europa ou em outros lugares.
Para Caroline Wagner “os líderes chineses valorizam as conexões. É uma maneira de criar vínculos com a comunidade científica mundial ”.
Uma variedade de indicadores sugere que as capacidades científicas e tecnológicas da China estão numa trajetória acentuadamente crescente. Por um lado, os gastos da China em investigação e desenvolvimento, acompanhados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico, aumentaram mais rapidamente do que o crescimento económico geral no país.
Por um lado, a China ficou em segundo lugar no mundo no número de artigos publicados em revistas científicas indexadas em 2017. Caroline Wagner referiu que os cientistas que regressaram ajudaram a construir a comunidade científica da China, que por sua vez atrai mais cientistas para regressarem. Mas considera que ainda é do interesse dos EUA tentar reter o maior número possível de cientistas chineses.
A especialista indicou que “os EUA mantiveram seu dinamismo em ciência e tecnologia porque excelentes cientistas de outros países vêm para cá”, e se for perdida “essa atração, se desencorajarmos as pessoas a virem, isso afetará o sistema científico dos EUA”.