Cientistas do Trinity College, em Dublin, anunciaram uma grande descoberta com implicações importantes para quem sofre de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), uma doença ocular que pode causar cegueira total aos pacientes, e para a qual não existem atualmente terapias.
A descoberta
Os cientistas descobriram que um componente chave das células que revestem os vasos sanguíneos da retina, a claudina-5, pode ser fundamental no desenvolvimento da doença oftalmológica comum, a DMRI. Em modelos pré-clínicos, os cientistas descobriram que os “vasos sanguíneos com vazamento” predispõem o olho a desenvolver características da doença.
“Ficamos inicialmente surpreendidos que esses vasos sanguíneos da retina interna contribuíssem para uma patologia semelhante à da DMRI, mas agora parece que sua disfunção pode representar um dos primeiros fatores que desencadeiam a doença”, referiu Natalie Hudson, investigadora no Trinity College e primeira autora do estudo.
Degeneração Macular Relacionada à Idade
A Degeneração Macular Relacionada à Idade é a forma mais comum de cegueira da retina central que vem com o envelhecimento da população. A doença envolve uma perda da acuidade visual central, de tal forma que tarefas quotidianas como ler, ver televisão, dirigir um veículo ou usar computadores tornam-se difíceis e, em alguns casos, impossíveis de executar.
Existem duas formas de DMRI a “seca” e a “húmida”. Atualmente estão disponíveis terapias para a gestão da DMRI “húmida”, mas não para o tratamento. Para a DMRI a “seca”, que é a mais comum e responsável pelo maior número de cegueiras em todo o mundo, não há terapias ou tratamento aprovados.
Os pacientes com DMRI seca são atualmente aconselhados a procurar mudanças no estilo de vida, como parar de fumar e melhorar os regimes de dieta e exercícios físicos.
Implicações da descoberta
Num tempo em que a esperança de vida aumentou é urgente encontrar novas de terapia associadas ao envelhecimento. Matthew Campbell, Professor Assistente em Genética no Trinity College, referiu: “Identificar os eventos moleculares iniciais que causam DMRI “seca” vai-nos permitir desenvolver uma abordagem direcionada à terapia. Neste caso, acreditamos que a regulação da integridade dos vasos sanguíneos da retina pode, com o tempo, ajuda a prevenir o desenvolvimento de DMRI seca”.
Por sua vez Mark Cahill, consultor de oftalmologista do Royal Victoria Eye and Ear Hospital, em Dublin, acrescentou: “As nossas descobertas destacaram o poder da investigação básica e clínica em trabalhar na identificação de novos alvos para a terapia da DMRI, o que acabará por beneficiar, no futuro, os pacientes”.