Paulo B. Lourenço, professor catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, codiretor do Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Engenharia de Estruturas (ISISE) e codiretor do Instituto para a Bio-Sustentabilidade (IB-S), foi distinguido com bolsa de 3 milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação (CEI).
O cientista vai pretende desenvolver, nos próximos cinco anos, uma abordagem inovadora para a avaliação da segurança do património construído com valor cultural, quando os edifícios são submetido a sismos. O objetivo é construir uma metodologia integrada experimental e numérica para descrever de forma precisa o comportamento estrutural dos edifícios históricos.
O património construído é um ambiente humanizado que resulta da civilização e define o tecido das cidades, e nesse sentido tem enorme relevância societal em termos de segurança e qualidade de vida das populações. A necessidade de mitigar o risco sísmico do património histórico “é evidente”, nomeadamente em Portugal.
O projeto vai permitir gerar “novos modelos integrados estocásticos” para considerar o sinal sísmico na resposta dinâmica e na capacidade dos edifícios, um conjunto único de dados sobre a resposta dinâmica avaliados com recurso a um extenso programa de ensaios em mesa sísmica, ferramentas numéricas e analíticas integradas para avaliação da segurança e nova regulamentação para salvaguarda dos edifícios históricos, em termos de colapso e limitação do dano. Está ainda previsto um novo grande equipamento para instalar no IB-S, o jovem instituto de ciência e inovação na Universidade do Minho (UMinho).
As bolsas científicas CEI ou ERC, sigla em inglês, são as mais prestigiadas e competitivas da Europa. Os projetos são individuais e na seleção à bolsa o currículo do investigador, que deve estar no topo dos que trabalham na Europa tem um peso de 50%, os outros 50% estão dependentes da excelência do projeto a executar, o seu grau de risco e a abordagem radicalmente inovadora, e nas fronteiras da ciência.
Paulo Lourenço consegui uma Advanced Grant, bolsa que é destinada a investigadores ativos que sejam líderes em termos de originalidade e significado de contribuições científicas nos últimos dez anos.
Para o cientista “esta bolsa irá contribuir para a resolução de um problema societal, ligado à agenda 2030 das Nações Unidas para cidades seguras, resilientes e sustentáveis, e para preservar a nossa identidade através da conservação do património histórico”.
“É também o reconhecimento do ISISE como referência internacional, não apenas na engenharia civil, mas na grande área da física e engenharia, onde o projeto concorreu”, esclareceu o Paulo Lourenço.
O ISISE, onde o cientista prossegue a investigação, combina conhecimento avançado e impacto científico com a ligação às empresas e à sociedade civil, o que permite responder aos desafios das sociedades baseadas no conhecimento, mas também atrair os melhores estudantes internacionais para Guimarães, e acrescentou Paulo Lourenço: “Apesar de o projeto distinguido com a bolsa ser individual, isso não seria possível sem a equipa que me tem apoiado incondicionalmente nos últimos 20 anos e a quem sinceramente agradeço.”
Percurso do Cientista da UMinho
Paulo Lourenço nasceu há 52 anos no Porto, onde vive. Professor catedrático desde 2006, possui experiência nas áreas de ensaios não destrutivos, técnicas experimentais e numéricas avançadas, técnicas de reparação e reforço inovadoras, e engenharia sísmica.
O trabalho de investigação tornou-o especialista em conservação estrutural e engenharia forense, tendo trabalhado em mais de cem monumentos, tais como Palácio de Belém, Mosteiro dos Jerónimos ou Catedral do Porto.
No estrangeiro Paulo Lourenço tem colaborado em países como Reino Unido, Itália, Brasil, Butão, Índia, Peru ou Nova Zelândia, e em sete locais do Património Mundial da UNESCO.
Coordena também o mestrado europeu em Análise Estrutural de Monumentos e Construções Históricas desde 2007, com cerca de 400 antigos alunos de 70 países e Prémio Europa Nostra em 2017. Supervisionou mais de 50 teses de doutoramento e é autor de mais de 1300 publicações científicas. É ainda coeditor do International Journal of Architectural Heritage.