A Comissão Europeia incluiu a “Cebola da Madeira” no registo das Denominações de Origem Protegidas (DOP).
“Cebola da Madeira” é a denominação dada aos bolbos produzidos seguindo as práticas tradicionais das ilhas da Madeira e do Porto Santo.
A freguesia do Caniço (Santa Cruz, na ilha da Madeira) tem um papel importante para a produção deste tipo de cebola, sendo a responsável pela maior parte do abastecimento regional e pela Festa da Cebola, desde 1997.
Na ilha do Porto Santo, esta cultura está abrangida pelo objetivo estratégico de proteção, valorização e otimização dos recursos agrícolas e culturais da ilha.
Esta nova denominação será adicionada à lista de produtos já protegidos, na qual Portugal já ultrapassou as 200 indicações, tal como referidas na base de dados eAmbrosia.
Da descrição “Cebola da Madeira” consta que são bolbos da espécie Allium cepa L. das variedades tradicionais obtidas nas ilhas habitadas do arquipélago da Madeira, nomeadamente: a “Branca”; a “Pião”; a “Bujanico”; a “Vermelha”; a “Roxa” e a “Do Tarde” produzidas seguindo as práticas tradicionais das ilhas da Madeira e do Porto Santo.
Das características físico-químicas consta que os bolbos das variedades tradicionais de “Cebola da Madeira” apresentam características morfológicas próprias, que justificam os nomes vernáculos que lhes foram atribuídos pelos madeirenses, designadamente:
Forma que vai de oblata a globosa ou de globosa a cónica (na “Pião”), com homogeneidade média na forma e tamanho em cada variedade e com peso médio que vai dos 180 g/bolbo aos 250 g/bolbo;
Película externa normalmente amarela, mas com tons violáceos nas variedades tradicionais “Vermelha” e “Roxa” e com grande uniformidade de cor, sendo algo opaca ou mais translúcida e brilhante na “Branca”. Apresenta média a muito pouca aderência ao bolbo;
Polpa principalmente branca, com tons avermelhados ou arroxeados nas variedades tradicionais “Vermelha” e “Roxa”. A espessura das túnicas é média a pequena e apresenta uma consistência média a tenra.
Os bolbos são bastante suculentos, com teores médios de matéria seca próximos dos 10 g/100 g, que podem ser ligeiramente superiores quando produzidos na ilha do Porto Santo.
Apresentam elevada riqueza em hidratos de carbono (em média superior a 7 g/100 g) e em vitamina C (em média superior a 10 mg/100 g), que lhes conferem características organoléticas e propriedades antioxidantes, desde sempre valorizadas pelos consumidores locais.
Características organoléticas consta que quando crua, a “Cebola da Madeira” apresenta consistência crocante e suculenta, mais ou menos tenra e pouco fibrosa.
Cozinhada fica menos estaladiça, mais sumarenta e translúcida.
O seu aroma é característico e adocicado, com ligeiras notas a enxofre ou a alho, vegetal e fresco ou terroso, sendo pouco pungente e persistente, mas com intensidade e complexidade médias a elevadas. Após cozedura, fica mais ave e com notas a fumo/grelhado ou a caramelo, mantendo a sua intensidade e complexidade.
Em fresco, os sabores são mais ou menos doces e pouco picantes, com fim de boca mais apimentado, com ligeiras notas a fresco, a enxofre ou a vegetais, podendo apresentar alguma adstringência, acidez ou um ligeiro amargor, que abranda com a mastigação, apresentando intensidade e complexidade médias a elevadas. Após cozedura, perdem intensidade e ficam mais adocicados, lembrando caramelo ou torrefação, principalmente quando grelhadas, e desaparecendo o gosto vegetal e fresco, sendo que o sulfuroso, quando existente, fica também mais suave, com melhor equilíbrio ácido/doce, sem adstringência e geralmente menos picantes e persistentes.