Rafael Toral é um dos nomes cruciais na história da música exploratória em Portugal, que continuamente repensa a música e tem explorado as noções de espaço e de silêncio desde o seminal disco Space (2006).
O seu projeto Space Quartet é de certa forma um “milagre” porque assenta no impossível. Um discurso de eletrónica abstrata que decide “falar” a língua humana a partir do jazz, num fraseado melódico articulado com recursos que não podiam ser menos apropriados, mas que dificilmente seriam mais livres, como o feedback.
Esta música eletrónica atípica tem expressão máxima no Space Quartet, que deve a sua fluidez à clareza sonora e inventividade de Hugo Antunes (contrabaixo), a discreta precisão de Nuno Morão (bateria), e a inteligência multilinguística de Nuno Torres (saxofone alto e instrumento eletrónico) — qualidades, aliás, comuns aos três.
Na mecânica peculiar do Space Quartet, a música desenrola-se em fluxo e movimento contínuo de renovação, desdobra-se em novos lugares em espírito e na matéria, do jazz-rock ao ambiente, segundo Rafael Toral, «cantando standards de outro planeta».
O Space Quartet apresenta-se no CCB na esteira da publicação de Under the Sun (ao vivo) e Directions, álbum de estúdio recentemente publicado pela Clean Feed.