Todos os anos, desde que a Companhia Maior foi criada em 2010, é endereçado um convite pelo CCB a um artista ou coletivo para criar um espetáculo. Em 2020, o artista convidado foi Marco Martins.
Perante a impossibilidade trazida pela pandemia de trabalhar com o elenco da companhia numa peça para palco, Marco Martins, em colaboração com Fernanda Fragateiro e Gonçalo M. Tavares, criou Natureza Fantasma. Uma instalação multidisciplinar que parte das imagens dos velhos álbuns de família dos seus intérpretes e de longas entrevistas incidindo sobre a forma como as imagens domésticas fixam e condicionam a nossa memória, num constante paradoxo entre um testemunho vivo e um tempo estacionário, vida mantida e morte adiada. Imagens que convocam a morte, o passado ultrapassado, um tempo concluído e imóvel, mas também captação de vida, tempo suspenso, o passado presente e a surpresa.
Do confronto com essas imagens e a partir da presença das pessoas que compõem a Companhia Maior, agora forçosamente dissolvida no virtual, Natureza Fantasma agarra essa virtualidade como potência, dando corpo ao que está latente na dimensão ficcional de todas as biografias.