A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) apela aos dirigentes dos partidos políticos que concorrem à Assembleia da República para contemplarem nos seus programas de governo soluções que permitam “corrigir a situação de Portugal, que exclui uma grande parte da população dos cuidados de saúde oral”.
Na carta, publicação no dia 7 de setembro, na edição do jornal Expresso, e disponível no wesite da OMD, lembra-se que 70% dos portugueses têm falta de dentes e que destes 55% nada tem a substituir. Dados do Barómetro Nacional da Saúde Oral revelam que 30% da população nunca vai ao médico dentista ou apenas vai em caso de urgência.
Sob o mote “Saúde oral é saúde geral. É qualidade de vida”, a carta da OMD considera fundamental aumentar a acessibilidade da população à medicina dentária.
A OMD defende que é necessária uma resposta integrada em termos de saúde pública ao nível preventivo, nomeadamente através do alargamento do cheque dentista a partir dos dois anos e aos desdentados totais, permitindo a reabilitação com próteses dentárias e a criação de um cheque dentista “urgência” para dar resposta às situações de dor e trauma dentário.
A Ordem considera ainda que é necessário criar benefícios fiscais no acesso a cuidados de saúde oral e próteses dentárias, e implementar mecanismos de comparticipação para consultas, tratamentos e reabilitação à semelhança do que já acontece nos Sistemas Regionais de Saúde dos Açores e da Madeira.
Para assegurar a cobertura de todos os trabalhadores, a OMD recomenda que a medicina dentária seja integrada na medicina do trabalho.
Em relação à oferta de cuidados de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde, a Ordem considera importância da criação da carreira específica de médico dentista, já aprovada pelo Ministério da Saúde, faltando apenas a assinatura do ministro das Finanças.
A Ordem recomenda ainda a incorporação de médicos dentistas nos hospitais do SNS e SRS para assegurar o tratamento da população hospitalizada, vítimas de acidentes e pacientes especiais.
O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, lembra que “uma política que separa a saúde oral da saúde no seu todo acarreta enormes custos para os indivíduos, mas também para o Estado. Isto numa altura em que paradoxalmente dispomos em Portugal de uma medicina dentária que atingiu um nível científico e profissional que a coloca a par das mais evoluídas do mundo”.
Orlando Monteiro da Silva salienta ainda “o pedido fundamental para adequar a formação em medicina dentária, uma das mais onerosas para a sociedade, às necessidades efetivas reais do país. Acredito que com a contribuição dos ministérios da Saúde, da Educação e das faculdades evitaríamos que se formem médicos dentistas sem ter em conta a empregabilidade que Portugal oferece no setor privado, onde exercem cerca de 97% dos médicos dentistas, tendo em conta também que a oferta de emprego pública no SNS para médicos dentistas é ainda incipiente e precária”.