No Encontro Ciência 2019, que decorreu de 8 a 10 de julho, no Centro de Congressos de Lisboa, Carlos Moedas abordou evolução da ciência em Portugal e as principais linhas de ação que conduziu, nos últimos cinco anos, enquanto Comissário Europeu responsável pela Investigação, Ciência e Inovação.
Para o Comissário houve uma melhoria significativa da ciência em Portugal que se traduziu num aumento de captação de fundos europeus para a ciência e inovação, pois se do 7º Programa Quadro, Portugal recebeu “cerca de cerca de 500 milhões de euros, hoje já foram ultrapassados os 750 milhões de euros” e “vamos sem dúvida chegar aos mil milhões de euros”. O número de bolsas do European Research Council (ERC) atribuídas a investigadores portugueses também duplicaram nos últimos cinco anos.
Esta evolução positiva foi conseguida pelos cientistas portugueses “que lutaram por essas bolsas internacionais” e que levou Portugal da “segunda divisão para a primeira divisão”, sendo que “a segunda divisão, na Europa, é e será sempre os fundos estruturais, e a primeira divisão são os fundos da ciência”.
Em termos europeus e com a ajuda de Portugal o Comissário lembrou que foi apresentada ao Parlamento Europeu “uma proposta histórica”, ou seja, “uma proposta de 100 mil milhões de euros para os próximos sete anos de ciência europeia”. O sucesso da proposta é visível ao ser bem aceite pelo Parlamento, em que as negociações de aceitação duraram apenas três meses. Uma aprovação que é uma grande vitória para a ciência europeia.
Para o Comissário foram desenvolvidas três iniciativas pela Comissão Europeia que provocaram mudança em todo o sistema europeu de ciência e inovação:
■ A primeira foi “a criação de um grupo de sete cientistas chefe da União Europeia”. Entre estes sete cientistas está a portuguesa Elvira Fortunato. Os sete cientistas permitiram que as decisões políticas passassem a ser suportadas por evidências científicas.
■ A segunda foi a criação do Conselho Europeu da Inovação. Em 2014, existiam as bolsas do ERC, mas não havia nada de paralelo ou equivalente na inovação. “A ideia era que a inovação deveria ser feita à volta do inovador e não da inovação. A própria maneira como financiávamos tinha de ser feita com base nas ideias e não em tópicos, isso era uma grande mudança, conseguir mudar a ideia dirigista de cima para baixo para uma ideia não dirigista de baixo para cima em termos de financiamento da inovação”.
■ A terceira foi o sistema das missões. “A ideia de missões e de espaço está tão interligada”, e lembrou que o Infante D. Henrique fez “o primeiro projeto colaborativo da história da ciência, porque tinha posto os cientistas da ciência fundamental a trabalhar com os navegadores e isso nunca tinha sido feito”.
“A Europa só foi grande quando estivemos no pico da ciência, a europa só foi o centro do mundo depois do infante D. Henrique. A europa só foi o centro do mundo quando Magalhães deu a volta de circum-navegação, antes disso a Europa não era nada” referiu Carlos Moedas e acrescentou que “a América não era nada antes de na segunda guerra mundial”
Depois dos refugiados cientistas se terem instalado naquele que foi a grande obra da ciência na América, o Institute for Advanced Study, em Princeton, criado 1930 por Albert Einstein e muitos outros refugiados da Europa. Foram esses que criaram a América grande”.