O registo de oclusões totais crónicas vai passar a estar incluído no Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI). Um projeto da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) que está em fase de restruturação.
Para João Brum da Silveira, presidente da APIC, este registo “vai possibilitar uma reflexão profunda sobre o tema e uma aprendizagem de técnicas mais diferenciadas, para podermos ter a mesma taxa de sucesso que temos nas intervenções mais complexas, bem como avaliarmos os nossos resultados”.
“Por razões diversas, apenas 10% dos doentes com oclusões totais crónicas são sujeitos a tratamento percutâneo. A Cardiologia de Intervenção deve mudar a sua atitude e investir no tratamento destas lesões, evitando a referenciação para cirurgia. A evidência atual mostra um impacto positivo no prognóstico dos nossos doentes”, explicou João Brum da Silveira.
Joana Delgado Silva, membro da Comissão Científica do RNCI, esclareceu: “Neste momento, o RNCI soma 183 mil doentes e permite-nos ter um conhecimento privilegiado e concreto da atividade em Portugal, monitorizada continuamente; possibilita-nos analisar as tendências clínicas e de intervenção ao longo dos anos; confere-nos a capacidade de investigação científica no nosso país; e permite o benchmark de cada centro e auditorias que induzem acréscimo de qualidade”.
“Enquanto membro da Comissão Científica do RNCI, colaborei na sua reestruturação, que incluiu o desenvolvimento do registo das CTO. Este projeto tem sido um desafio bastante compensador, tendo em conta que nos vai dar acesso a um conhecimento mais alargado acerca dos doentes que fazem angioplastia de CTO em Portugal”, conclui Joana Delgado Silva.
Uma oclusão total crónica (CTO sigla em inglês) é uma situação em que existe uma obstrução total, isto é, de 100%, de uma artéria coronária, não havendo passagem de sangue para a irrigação do músculo cardíaco, com mais de três meses de duração. Estas situações são encontradas em 18 a 20% dos doentes que efetuam cateterismo cardíaco diagnóstico.