As cantigas de maio do M.Ou.Co. são outras! São feitas de rock, claro, mas também de sonoridades new wave, synth pop, indie dance, anti-folk indie e até rap com poesia performativa… A pensar nas imensas minorias (sobretudo essas, mas não só) que alimentam o circuito de música independente e alternativa do Porto e Norte. Que têm mesa farta e conceituada para alimentar a alma durante 30 dias. Pelo menos. E se para muitos será a confirmação, ao vivo e a cores, do ansiado há longa data, para outros, as estreias em perspetiva constituirão uma revelação, como se houvesse um outro mundo, heterogéneo, diferenciado e mesmo mágico, a passar bem ao lado. Até agora.
Abril encerra, em termos de grandes concertos, para os lados do Bonfim, com uma muita aguardada presença dos norte-americanos Bodega, já esta terça-feira (dia 12), às 21h30m, que têm os espanhóis La Paloma a fazer a abertura. Mas há canções mil para o mês seguinte.
Maio começa no palco do M.Ou.Co. no dia 6 (sexta-feira), às 21h30m, com uma estreia nacional e as músicas de um dos melhores álbuns de 2021, segundo a crítica especializada. Falamos do trabalho “A way forward”, da banda nova-iorquina de dream wave indie pop Nation Of Language.
A primeira vez de Ian Richard Devaney (voz e guitarra), Aidan Noell (sintetizadores e voz) e Michael Sue-Poi (baixo) em Portugal far-se-á, portanto, debaixo da luz do seu melhor LP até à data. Inspirado nos Orchestral Manoeuvers in the Dark, os Nation Of Language, recorde-se, têm um som que muitos caracterizam como um synth pop gelado de estímulo pós-punk.
Regressos e estreias
O M.Ou.Co. é a sala nacional oficial da SON Estrella Galicia e, por sua vez, é esta colaboração que fará regressar a Portugal Adam Green. O norte-americano, igualmente cineasta e artista visual, é um nome de charneira do movimento indie e anti-folk e um dos mais talentosos da cena musical atual. Atuará a 10 de maio (terça-feira), às 21h30m, com o “Engine of Paradise”, o último trabalho discográfico, como porta-estandarte.
Dois dias depois, a 12 de maio (quinta-feira), à mesma hora, o palco é preenchido pelas… quatro estações do ano – nada mais nada menos que o conceito criativo do último LP dos The Wave Pictures, intitulado “When The Purple Emperor Spreads His Wings”. Um disco por onde perpassa, amiúde, uma sensação de solidão, um pouco sombria, embora permeada por arranjos alegres.
Com fortes inspirações da dupla The Smiths/Morrissey e das ambiências sonoras indie que muitos se habituaram a ouvir no programa do conhecido John Peel, trata-se, incompreensivelmente, de uma das bandas britânicas mais subvalorizadas dos últimos anos.
“Há sempre uma forte noção de tempo e lugar nas músicas de The Wave Pictures. E resultou natural agruparmo-las por temporadas. Daí álbum ter quatro lados: um para cada estação do ano. O álbum começa no verão e termina na primavera, para representar o ciclo da vida”, explicou David Tattersall, compositor, cantor e guitarrista da banda.
Nove dias depois, a 21 de maio (sábado), às 21h30m, a Sala M.Ou.Co. é cenário para mais uma première em Portugal: W. H. Lung. Depois de nos presentearem com o estupendo álbum de estreia “Incidental Music”, que apareceu em todas as listas “Best of” do ano, o trio de Manchester – admiradores inspiracionais de nomes como LCD Soundsystem, Talking Heads, Prince e Julia Holter – espalhará magia e “Vanities”, título do mais recente álbum, numa esperada explosão de dança indie e synth pop cintilante.
Meia dúzia de dias volvidos, e pela mão da produtora SON Estrella Galicia, será a vez de Kae Tempest marcar a diferença, a 27 de maio (sexta-feira), às 21h30m, no palco do M.Ou.Co..
Nomeada para o Mercury Prize, elogiada pela revista Rolling Stone pela sua “angústia visceral e ritmicamente vertiginosa”, Kae Tempest, que anunciou não há muito tempo a sua condição não binária, é uma das mais originais e aclamadas artistas britânicas e tem-se evidenciado na poesia performativa, que mescla com mestria rap e dramaturgia. Pobreza, identidade, consumismo e tudo o que envolve emoções fortes estão na sua linha da frente temática.
Kae estreia ao vivo no M.Ou.Co. precisamente as primeiras letras e sons do seu novo trabalho, «The Line Is A Curve», em fase de lançamento (e já com excelentes críticas da especialidade), e que a farão atuar na noite seguinte em Espanha. E por aí fora.
As cantigas de maio são outras no M.Ou.Co. “Stay. Listen. Play”…
Agenda da Sala M.Ou.Co.
- 6 de maio – Nation of Language, 21h30m, Sala M.Ou.Co., 24 €
- 7 de maio – DJ SET Sábado, 20 horas, Bar M.Ou.Co., evento gratuito
- 10 de maio – Adam Green, by SON Estrella Galicia, 21h30m, Sala M.Ou.Co., 18 €
- 12 de maio – The Wave Pictures, 21h00m, Sala M.Ou.Co., 12 €
- 13, 14 e 15 de maio – Suite Music | Festival, todo o complexo M.Ou.Co., 40€ (bilhetes early birds para os 3 dias)
- 21 de maio – DJ SET Sábado, 20 horas, Bar M.Ou.Co., evento gratuito
- 21 de maio – W.H.Lung, by SON Estrella Galicia, 21h30m, Sala M.Ou.Co., 24 €
- 27 de maio – Kae Tempest, by SON Estrella Galicia, 21h30m, Sala M.Ou.Co., 25 €
- 28 de maio – DJ SET Sábado, 20 horas, Bar M.Ou.Co., evento gratuito