O número de casos de melanoma, o tipo de cancro da pele mais perigoso, continua a aumentar na Europa. Em Portugal surgem por ano mais de mil novos casos. Os comportamentos exagerados e inadequados de uma exposição aos raios ultravioleta são responsáveis pelo aumento da incidência dos vários tipos de cancro.
O investigador português Noel de Miranda e outros Investigadores da Universidade de Leiden, do Instituto Holandês de Cancro, do Hospital Universitário de Herlev (Dinamarca) e da empresa AIMM Therapeutics (Holanda), estudaram “a interação entre as células cancerígenas e o sistema imunitário de pacientes com melanoma em estado avançado, e submetidos a imunoterapia”.
Os doentes foram acompanhados durante um período superior a dez anos, o que permitiu aos investigadores concluir que “os tumores tendem a adaptar-se a médio prazo, alterando-se geneticamente e deixando assim de ser reconhecidos pelo sistema imunitário”, indicou Noel de Miranda, citado em comunicado da Universidade do Minho (UMinho).
“Era algo que já se sabia que acontecia, das teorias de evolução clonal, mas nunca tinha sido provado do ponto de vista genético”, esclareceu o investigador. Agora com este novo conhecimento poderá vir a ser possível “adaptar as estratégias de administração de imunoterapias e, deste modo, combater a doença de uma forma mais eficaz”.
Noel de Miranda, que investiga no Centro Médico da Universidade de Leiden (Holanda), esclarece que “atualmente são ‘atacadas’ as alterações genéticas mais comuns, mas o objetivo é desenvolver métodos que permitam lidar com a heterogeneidade dos tumores”.
O estudo, de que Noel de Miranda é coautor, e que já foi publicado na revista científica ‘Nature’, conclui que “o sistema imunitário obriga os tumores a adaptarem-se e a ganharem resistências, devido a alterações genéticas”.
Sobre Noel de Miranda, a UMinho refere que o investigador licenciado em Biologia Aplicada pela Universidade, doutorado pela Universidade de Leiden e o com pós-doutoramento no Instituto Karolinska, ganhou, em 2015, três bolsas de investigação atribuídas pela Associação Americana para a Investigação do Cancro, pela Fundação Alpe d’HuZes, em conjunto com a Sociedade Holandesa de Cancro, e pela Organização Holandesa para a Investigação Científica, no valor total de 775 mil euros.