A canábis medicinal é “mais uma opção terapêutica, com muitas vantagens no tratamento da dor crónica, que os médicos podem utilizar para melhorar a qualidade de vida dos doentes”, referiu Janosch Kratz, médico e coordenador de Investigação e Desenvolvimento na Clínica Kalapa, em Barcelona, na conferência digital da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED).
“Os profissionais de saúde devem olhar para estes medicamentos da mesma forma que olham para os outros. Trata-se de uma opção terapêutica segura e, geralmente, bem tolerada pelos doentes, com efeito não só no que diz respeito à dor, mas também à melhoria da qualidade do sono; à estimulação do apetite; e à redução das náuseas e vómitos”, afirmou ainda Janosch Kratz.
A conferência sob o tema “Canábis Medicinal no Tratamento da Dor Crónica: Perspetivas futuras para a utilização em Portugal”, teve a participação de 300 profissionais de saúde e o apoio da Tilray Portugal. Uma iniciativa que teve “como objetivos promover a discussão sobre a canábis para fins medicinais no tratamento da dor crónica, em Portugal, e partilhar o conhecimento e as boas práticas internacionais nesta área, para que os médicos possam aumentar o seu conhecimento sobre esta opção terapêutica”, explicou Ana Pedro, presidente da APED, que coordenou a conferência.
“São esperadas novidades para o tratamento da dor, em Portugal. É importante que o Infarmed aprove mais produtos deste grupo e que sejam colocados à nossa disposição, para rapidamente entrarmos num patamar de conhecimento que nos permita utilizá-los de forma racional e correta”, referiram Ana Pedro e Graça Mesquita, membros da APED.
APED esclareceu que a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais, nomeadamente a sua prescrição e a sua dispensa em farmácia comunitária estão regulamentadas, em Portugal, com a Lei n.º 33/2018, de 18 de julho e com o Decreto-Lei n.º 8/2019, de 15 de janeiro.
Em Portugal, a utilização da canábis para fins medicinais está aprovada para várias indicações, entre as quais, a dor crónica. Estima-se que 36,7% da população adulta portuguesa tenha dor crónica. A incapacidade associada a esta doença afeta diretamente a vida pessoal, familiar, social e profissional dos doentes. O tratamento da dor crónica requer uma abordagem biopsicossocial, onde se incluem intervenções farmacológicas e não farmacológicas, com diferentes níveis de eficácia, sendo uma mais-valia aumentar as opções terapêuticas disponíveis, por forma a melhorar a qualidade de vida dos doentes, indicou a APED.