O número de asmáticos no mundo é estimado em 334 milhões e em Portugal o número é de cerca de um milhão. Apesar da elevada prevalência de asmáticos, cerca de metade não tem a doença controlada e, adicionalmente, estes doentes não têm a perceção do descontrolo da doença, pelo que não procuram ajuda médica.
A situação dos doentes origina, frequentemente, idas às urgências e internamentos hospitalares, para além da deterioração da função pulmonar, que pode chegar à insuficiência respiratória com incapacidade para realizar tarefas diárias rotineiras, como subir um lance de escadas ou tomar um simples duche. Dados do Grupo de Estudos em Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP) indicam que um doente asmático que não tenha a doença controlada pode custar ao Serviço Nacional de saúde cerca de 1.400 euros por ano.
“Estima-se que metade dos doentes com asma sob terapêutica crónica não tomam a medicação de acordo com o guia de tratamento. Os riscos associados ao não cumprimento incluem aumento do número de hospitalizações associadas à asma, idas ao serviço de urgência, consultas médicas não programadas, absentismo profissional e escolar e diminuição da qualidade de vida do doente e família”, indicou Rita Gerardo, médica pneumologista da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
Para Rui Costa, especialista em Medicina Geral e Familiar e coordenador do GRESP, a maior dificuldade dos doentes em controlar a asma “reside na utilização correta dos dispositivos inalatórios e na sua utilização diária e prolongada. É essencial ensinar corretamente os doentes a utilizar o inalador e verificar, regularmente, a utilização pela equipa de saúde, pelo médico e/ou enfermeiro”.
“O doente deve falar com o seu médico sobre as limitações que sente, sobre tudo o que gostaria de fazer e não consegue ou tem medo de tentar. Deve assumir que precisa de ajuda e confirmar se está a utilizar o inalador corretamente e, também, procurar sempre o tratamento mais adequado para o seu caso”, indicou Elisa Pedro, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.
Para Mário Morais de Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos “a educação do doente, bem como a implementação de programas de intervenção multidisciplinares, permitem um melhor conhecimento da utilização dos fármacos, nomeadamente dos inaladores e dos motivos geradores do não controlo da doença. Adicionalmente, a relação médico-doente, baseada numa comunicação aberta e transparente, é um dos principais fatores críticos de sucesso. A educação é essencial, importa que a doença seja gerida em conjunto pelos profissionais de saúde e pelo asmático e seus familiares”.
Para assinalar o Dia Mundial da Asma, 7 de maio, a campanha “Vencer a Asma” lança vídeo com testemunhos de diferentes especialistas e representantes de associações de doentes, para sensibilizar para a importância do controlo da doença e a necessidade de uma comunicação mais aberta entre o doente asmático e o médico.
A Campanha “Vencer a Asma” que já vai na terceira edição é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Grupo de Estudos em Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP), Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) e GlaxoSmithKline (GSK) .
A campanha “Vencer a Asma, antes que a Asma o vença a si!” pretende ouvir e compreender as limitações dos doentes asmáticos e melhorar a comunicação entre o médico e o doente, alertando também os doentes para a importância de não desvalorizarem os seus sintomas, de forma a poderem usufruir de um dia-a-dia sem limitações.