A Europol e Interpol coordenaram uma ação policial que envolveu instituições financeiras, autoridades da Alemanha, Irlanda, Holanda e Reino Unido que permitiu frustrar uma burla de grandes dimensões que tinha como vitima as autoridades de saúde alemãs na compra de milhões de euros em máscaras faciais inexistentes.
A Europol descreve a cadeia de referências no processo da fraude
► Em meados de março de 2020, as autoridades de saúde alemãs contrataram duas empresas de vendas em Zurique e Hamburgo para adquirir 15 milhões de euros em máscaras faciais. Com uma escassez global de suprimentos médicos os canais de negócios habituais tornaram complicados e os compradores passaram a seguir novas pistas na esperança de adquirir as máscaras de proteção.
► Os compradores entraram em contacto com o que parecia ser um site legítimo em Espanha, que vendia máscaras. Sem o conhecimento dos compradores, o site era falso e seus endereços de e-mail legítimos tinham sido comprometidos.
► Por meio de correspondência por e-mail, a empresa afirmou inicialmente ter 10 milhões de máscaras, apenas para que a encomenda fosse feita. Como garantia, encaminhou os compradores para um revendedor ‘confiável’ na Irlanda. O intermediário irlandês prometeu colocá-los em contacto com um fornecedor diferente, desta vez na Holanda.
► Alegando ter uma forte relação comercial com a empresa, o homem garantiu que a suposta empresa holandesa seria capaz de fornecer os 10 milhões de máscaras faciais. Foi feito um acordo para uma entrega inicial de 1,5 milhões de máscaras, em troca de um pagamento adiantado de 1,5 milhões de euros.
► Os compradores iniciaram uma transferência bancária para a Irlanda e prepararam-se para a entrega, que envolveu 52 camiões e uma escolta policial para transportar as máscaras de um armazém na Holanda para o destino final na Alemanha.
► Pouco antes da data de entrega, os compradores foram informados de que os fundos não tinham sido recebidos e que era necessária uma transferência de emergência de 880 000 euros diretamente ao fornecedor holandês para garantir a mercadoria.
► Os compradores enviaram a transferência bancária e as máscaras nunca chegaram. Acontece que a empresa holandesa existia, mas o site tinha sido clonado. Não havia registo oficial da ordem de encomenda.
Seguir o dinheiro
► Quando os compradores perceberam que tinham sido enganados, imediatamente entraram em contacto com o banco na Alemanha, e foi iniciada uma corrida internacional para intercetar os fundos e seguir o trilho do dinheiro.
► A Europol fez uso das possibilidades oferecidas pelo seu componente de inteligência financeira para apoiar o caso. Foram mobilizados os principais membros da Camden Asset Recovery Inter-Agency Network (CARIN) e alertados os parceiros privados da Europol Financial Intelligence Public Private Partnership . Graças a um alerta levantado pelos investigadores, o banco do Reino Unido conseguiu recuperar o valor total. Os fundos foram devolvidos à Holanda e congelados pelas autoridades.
► A Interpol entrou em contacto com o National Central Bureau em Dublin, bem como com o banco irlandês. A intervenção imediata do Gabinete Nacional de Crimes Económicos de Garda permitiu congelar os 1,5 milhões na conta e identificar a empresa irlandesa envolvida.
► O Serviço Holandês de Informação e Investigação Fiscal localizou rapidamente os 880 000 euros transferidos da empresa alemã. Quase 500 000 euros desses fundos já tinham sido enviados para o Reino Unido, todos destinados a uma conta na Nigéria.
Esta operação já levou a duas prisões na Holanda e está ainda em curso, uma vez que investigadores em toda a Europa continuam a trabalhar em pistas de investigação com o apoio contínuo da Europol e dos seus parceiros.