A política pós-Brexit deve reformar-se radicalmente para ir ao encontro das necessidades específicas dos setores agrícola e alimentar do Reino Unido, enquanto protege a agricultura. Na conferência ‘Ecology Across Borders’ que decorre em Ghent, os cientistas apresentam alguns dos desafios e oportunidades para a criação de um ‘Green Brexit’ na atual paisagem política.
Embora a Política Agrícola Comum da Europa (PAC) ofereça apoio ao rendimento aos agricultores em todas os países do Reino Unido, que é em média entre 50% a 60%. Esta politica tem vindo a ser criticada pela sua complexidade e pela criação de desigualdades dentro do sistema, não apoiando os agricultores mais vulneráveis.
Para a British Ecological Society à medida que o Reino Unido se prepara para deixar a União Europeia, a futura política agrícola deverá mudar para o uso de fundos públicos para recompensar a provisão de bens públicos. Para isso, parece ser necessário um consenso sobre o que constitui um bem público e assegurar que a gestão da paisagem e a proteção ambiental estejam no cerne desta definição, de acordo com um resumo de políticas recentemente publicado.
Adam Hejnowicz, do departamento de Biologia da Universidade de York, referiu: “Substituindo a PAC por um modelo de financiamento mais justo, mais apropriado e mais eficiente baseado na oferta de bens públicos e na proteção do meio ambiente é uma prioridade imediata”.
Para o especialista “seja qual for o resultado das negociações do Brexit, a responsabilidade pela agricultura regressa ao Reino Unido. Existe aqui uma oportunidade para repensar e reestruturar a forma como a política agrícola do Reino Unido é gerida, partindo de uma abordagem ampla que abrange o uso sustentável do solo, desenvolvimento rural e conservação ambiental.”
O relatório sugere que a política agrícola deverá fazer parte de uma estratégia mais ampla de uso sustentável da terra, que tenha como objetivo melhorar a qualidade do ambiente em declínio. A terra agrícola pode ser melhorada, reconhecendo o seu valor económico e de serviços ecossistémicos, incluindo a mitigação do risco de inundação, biodiversidade, armazenamento de carbono, ar limpo e água.
Independentemente da vozes sobre uma política agrícola britânica é fundamental concluir, com a União Europeia, um acordo comercial favorável à agricultura, pois é essencial para encontrar um equilíbrio entre importações e exportações, que permita um grau adequado de autossuficiência.
Sue Hartley, diretora do York Environmental Sustainability Institute, referiu: “Nós também devemos reconhecer que, após a Brexit, nosso maior mercado sempre será a União Europeia e que a cooperação é essencial.”