O BOOM FESTIVAL está aí e com ele as preocupações dos incêndios, na margem direita da Albufeira de Idanha-a-Nova tudo foi devidamente planeado para que nada possa falhar e a música, cultura, animação, convívio e alegria não falte aos muitos participantes nesta bienal de cultura independente e sustentável.
Dado que Idanha-a-Nova apresenta risco muito elevado de incêndio foi criada descontinuidade de combustíveis e reforçadas medidas de prevenção, autoproteção e combate como definidos no plano traçado por Miguel Almeida, um dos especialistas envolvidos nos relatórios dos incêndios do ano passado, em coordenação com forças de segurança, proteção civil e saúde.
Na operação BOOM FESTIVAL a GNR envolve 761 militares no período que antecede e durante o festival, mas como referiu Miguel Almeida, membro da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, instituição ligada à Universidade de Coimbra, “Não se trata de eliminar os riscos, mas de mitigá-los. Os riscos vão sempre estar presentes.”
Miguel Almeida, coordenador do plano de prevenção de incêndios do Boom Festival, indicou que Idanha-a-Nova é um concelho em que o risco de incêndio “é muito elevado”. Nesta e noutras matérias, a organização do Boom Festival sempre cumpriu a legislação em vigor, indo além desta em muitas medidas. No entanto, a expectativa de que este fosse um ano de seca, com condições meteorológicas instáveis como as que se fizeram sentir durante a época de incêndios do ano passado, levaram o Boom Festival a reforçar o plano, contando com a experiência do especialista.
Meios de prevenção e de segurança
No plano estabelecido por Miguel Almeida foi reforçada a descontinuidade do combustível que o terreno da Boomland já naturalmente oferece, bem como foram implementadas e fortalecidas medidas de prevenção, autoproteção e combate.
De entre as medidas encontram-se: existência no espaço do festival de 750 extintores; 14 Elide Fire Balls para a rápida extinção do fogo em áreas confinadas; 16 bocas armadas de incêndio; pontos de acesso à água canalizada; uma equipa de sapadores internos, com duas viaturas 4×4 com material sapador e com capacidade para até 500 litros de água; quatro torres de iluminação amovíveis e uma retroescavadora.
Miguel Almeida explicou, citado em comunicado do Boom festival: “Acompanho festivais há anos e há práticas que têm de ser completamente abolidas. As cozinhas comunitárias são um exemplo, porque, na maioria dos casos, as pessoas cozinham junto às tendas em botijas de gás. Num estudo que coordenei sobre os riscos de incêndios em áreas de campismo, cheguei a ver pessoas a cozinhar nas próprias tendas ou autocaravanas. Ora, as gorduras acumulam-se tornando a propagação muito mais rápida. No Boom, estamos concentrados em criar uma descontinuidade dos materiais combustíveis para que, no caso de haver algum incêndio, este não se propague.”
Plano de segurança
O plano de segurança prevê a evacuação do recinto, havendo para o efeito caminhos com uma largura mínima de 3,5 metros, por onde o público poderá deixar a Boomland a pé, podendo também haver a retirada seletiva, por exemplo de pessoas com dificuldades respiratórias, pela barragem. Para facilitar a evacuação do Car Parking e da Caravan Park, as viaturas são estacionadas em posição de emergência, ou seja, com a dianteira virada para as saídas, com o objetivo de se evitar confusões geradas pela necessidade de inversões de marcha. No caso de haver obstáculos, entra em cena a retroescavadora, que poderá ainda ser usada para a extinção de chamas por abafamento ou para a ampliação de faixas de descontinuidade de combustíveis.
Com formação adequada vão estar elementos da organização do festival, com procedimentos testados em simulacros. Estes elementos estão distribuídos pelo recinto que podem ser facilmente encontrados e contactados pelos boomers, que, em eventual situação de risco, desencadeiam o sistema de alarme.
Os restaurantes vão usar gás ou outras substâncias/equipamento, na confeção de alimentos vão garantir os requisitos locais de segurança e para isso são alvo de fiscalização por parte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) na véspera do evento, explicou a organização do festival.
761 militares da GNR durante as operações
O major Luís Patrício, Chefe de Secção do Comando Territorial da GNR de Castelo Branco, indicou que estão envolvidos nas operações nos dias que antecedem e durante o festival 761 militares. A operação dos militares já arrancou no início no dia 15 de julho com planeamento que teve início no mês de janeiro.
“O Comando Territorial de Castelo Branco da Guarda Nacional Republicana garante o policiamento do evento Boom Festival 2018, entre o dia 16 e 29 de julho de 2018, no concelho de Idanha-a-Nova e áreas envolventes, a fim de assegurar a manutenção da ordem pública, a proteção de pessoas e bens e garantir a normal regularização do trânsito”, explicou o oficial da GNR Luís Patrício, e acrescenta: “A Operação tem sido coordenada através de reuniões e/ou contactos diretos com a organização do evento.”
Segurança no lago e hospital de campanha
No domínio da segurança há oito nadadores-salvadores distribuídos por dois turnos, alocados a quatro postos de vigia, que procuram garantir a segurança de todos os boomers que têm na Albufeira de Idanha-a-Nova o maior aliado para lidar com o calor intenso da região. O Boom Festival terá ainda no local uma embarcação e duas motas de água enquanto os Bombeiros Voluntários de Idanha-a-Nova marcam presença com uma embarcação tipo zebro.
O Hospital de Campanha do Boom é formado por nove contentores com ar condicionado e com condições para a realização de vários tipos de atos médicos, essenciais a um evento com a duração de oito dias, numa das regiões mais quentes do país. Cinco médicos, oito enfermeiros, dois fisioterapeutas, 28 tripulantes de ambulância e três administrativas compõem a equipa que assegura o funcionamento do hospital, duas ambulâncias e três viaturas todo o terreno devidamente equipadas e dois postos médicos secundários/avançados.
O Boom Festival é um evento bienal de cultura independente e sustentável que, desde 1997, se realiza durante lua cheia de julho ou agosto, sendo uma referência internacional. Multidisciplinar, Transgeracional e intercultural, o Boom recebeu já inúmeros prémios internacionais na área da sustentabilidade ambiental.