Num estudo publicado hoje na revista ‘Cell Metabolism’, investigadores da UT Southwestern indicam que identificaram uma hormona que atua no cérebro para aumentar o desejo de beber água em resposta a stresse específicos de nutrientes que podem causar desidratação.
Os investigadores David Mangelsdorf e Steven Kliewer, que dirigem um laboratório na UT Southwestern, desde 2002, estudaram longamente a hormona do fígado FGF21, ou fator de crescimento de fibroblastos 21. Em investigações anteriores, em ratos, já tinham descoberto que o FGF21 atua via recompensa do cérebro para suprimir o desejo por açúcar e álcool em favor da água potável.
“Sabíamos que a exposição ao álcool ou ao açúcar ativa a produção de FGF21 no fígado. O que agora mostramos é que essa hormona viaja no sangue para uma parte específica do cérebro, o hipotálamo, para estimular a sede, evitando assim a desidratação ”, referiu Steven Kliewer, e acrescentou: “Inesperadamente, o FGF21 funciona através de uma nova via que é independente da clássica via da sede de renina-angiotensina-aldosterona nos rins.”
O estudo, desenvolvido em ratos, revelou que a hormona regula a hidratação (ingestão de água) em resposta ao stresse nutricional. Numa experiência, os investigadores descobriram que ratos normais e ratos geneticamente incapazes de produzir FGF21 bebiam quantidades similares de água quando recebiam a dieta típica da ração.
No entanto, uma dieta cetogênica, rica em gorduras, e baixos carboidratos, estimulou o consumo de água em ratos normais, enquanto nos ratos geneticamente incapazes de produzir FGF21 não houve aumento de ingestão de água em resposta a esse stresse nutricional. Estas descobertas confirmaram o papel da hormona na via de sinalização, referiram os investigadores.
A segunda descoberta importante no estudo é a resposta muito forte à hormona em humanos, referiu Steven Kliewer.
No estudo levado a cabo pela Universidade de Medicina de Graz, na Áustria, participaram 21 pessoas a quem aleatoriamente foi indicado para beber uma mistura de álcool e suco, ou apenas suco. De hora em hora e ao longo de quatro horas, os investigadores mediram os níveis sanguíneos de FGF21. Em resposta ao álcool, os níveis de FGF21 atingiram o pico ao fim de cerca de duas horas e caíram depois a seguir.
David Mangelsdorf referiu: “Isso sugere que o FGF21 poderá vir um dia ser usado como fármaco para limitar o consumo de álcool e o proteger contra os efeitos nocivos nas pessoas”, e acrescentou: “Estas descobertas também sugerem que o FGF21 é regulado da mesma forma em humanos e em ratos e que o processo envolve a expressão e ativação de certas proteínas no cérebro”.
A resposta da sede induzida pelo FGF21 parece depender de outra via de sinalização no hipotálamo, o circuito β-adrenérgico, indicaram os investigadores.
“Há estudos anteriores da década de 1970 já sugeriam que esse caminho pode regular a sede. Agora o nosso estudo sugere que o FGF21 também pode funcionar por esse caminho”, referiu David Mangelsdorf.
Durante muito tempo, o comportamento alimentar tem sido enfatizado na investigação metabólica, e não na hidratação. Este estudo sugere que pode estar em cima da mesa uma mudança, indicaram os investigadores.
David Mangelsdorf acrescentou: “Para colocar isto em contexto: Sempre observamos a ingestão de alimentos, e no campo metabólico passou-se relativamente pouco tempo a estudar o consumo de água. Este estudo sugere que devemos pensar mais sobre a hidratação e como ela pode contribuir para o metabolismo.”